Benjamin Teixeira
pelo espírito
Irmã Brígida.

Nem todo médium nasceu para trabalho de desobsessão mediúnica. Existem especialidades no trabalho de intercâmbio interdimensional que estabelecem, para cada um, suas funções próprias, de acordo com predisposições idiossincráticas.

O trabalho com os amigos perturbados do além é ministério delicadíssimo, que pode criar matrizes de sintonia na alma do medianeiro, para certas tendências negativas daqueles que se manifestam. Sem o devido preparo mental, moral e espiritual, o indivíduo que se expõe a ajudar poderá, portanto, ser desajudado, assim como o médico ou o enfermeiro que entram em um hospital e contactam focos infecciosos, sem fazer uso da devida assepsia, contaminando-se com as doenças daqueles que tentam curar.

Se suas intuições lhe dizem que deve se manter afastado de tarefas dessa ordem, respeite-as, por mais que digam que esteja errado. Somente a própria consciência tem elementos suficientes para decisões de caráter importante como essas. É possível ser médium, sem precisar inscrever-se nos círculos da atuação desobsessiva. Pode-se, por exemplo, ser médium na doação energética do passe, na inspiração para o trabalho de orientação dos irmãos sofredores na carne, assim como também há campo para atividade mediúnica inspirativa, nos próprios labores profissionais, colocando-se o ofício remunerado a serviço do bem comum, pela prática da caridade, da paciência e da humildade constantes.

Você não precisa incorporar espíritos sofredores, para servir ao bem geral. No futuro, a intuição substituirá o trabalho mais grosseiro da recepção direta dos sofredores no psicossoma do médium, favorecendo intercursos mais sutis, de mente a mente, de espírito a espírito, sem invasão dos desajustes do sofredor ou do perturbado da dimensão extra-física, nos implementos bio-psíquicos do médium a serviço da causa espírita. O médico, para socorrer, não precisa injetar, em si, os vírus e as bactérias que afetam o paciente. Pode medicá-lo, tratá-lo e curá-lo, sem envolver seu organismo no processo. O mesmo se pode dizer do trabalho de desobsessão mediúnica.

Assim, prezado amigo, recorde-se de que, antes de tudo, mediunidade é sintonia e, como tal, somente pela ativação constante do nosso melhor, apondo-nos à disposição de freqüências psíquicas mais altas, seremos realmente úteis, por nos fazer instrumentos, onde estivermos, encarnados ou desencarnados, dos Grandes Espíritos que dirigem os destinos da Humanidade.

Fazendo isso, estaremos fazendo a desobsessão, no íntimo de nós mesmos, tornando-nos melhores e, por consequência, ajudando todos a melhorarem, dentro de suas próprias possibilidades, por oferecermos o exemplo vivo em nós próprios de como se pode ser mais feliz, pelo aprimoramento progressivo da própria natureza.

(Texto recebido em 29 de novembro de 2001.)