Benjamin Teixeira
pelo espírito
Eugênia.


Para os estudos do Evangelho da tarde de hoje, abra, por favor, as anotações de Marcos, no capítulo 13, versículos 34 a 36.

“Será como um homem que, partindo em viagem, deixa a sua casa e delega sua autoridade aos seus servos, indicando trabalho o trabalho de cada um, mandando ao porteiro que vigie. Vigiai, pois, visto que não sabeis quando o senhor da casa voltará, se à tarde, se à meia noite, se ao cantar do galo, se pela manhã, para que, vindo de repente, não vos encontre dormindo.”

A existência humana, quando encapsulada a consciência no ergástulo de carne, assemelha-se a fogo-fátuo na eternidade. Fenômeno efêmero, que passa qual piscar de olhos, aguardando de seus experimentadores máxima atenção, para que oportunidades preciosas e fugazes não passem desapercebidas ou terrivelmente defenestradas.

Por quanto tempo acha você que estará vinculado ao seu veículo orgânico? Dez anos? Cinqüenta? Ou será que apenas por mais dez dias? Todos os patrimônios circunstanciais no plano físico constituem depósito divino à criatura, em função de determinadas responsabilidades e tarefas que lhe foram confiadas. Concessão esta que pode ser suspensa, a qualquer hora, caso um feixe de fatores como: merecimentos individuais, débitos vultosos em relação a desatinos perpetrados no presente e intercessões de amigos encarnados e desencarnados venham a propiciar a bênção da interrupção, como do prolongamento do estágio físico de vida. Assim, é curioso notar que gente que parece estar cometendo erros graves, fica mais tempo na Terra, a incorrer em mais estultícias, porque chegou sua “hora evolutiva” de muito errar, para muito aprender mais tarde, muito sofrendo. E outros, por pequenos deslizes, têm a bênção da suspensão imediata de oportunidades, como divórcios, demissões, falências ou mesmo morte física própria ou de um ente querido, a fim de que possam, imediatamente, repensar valores e objetivos e, por conseqüência, corrigirem conduta e rotas de vida.

Sim, amigo, enquanto no corpo, você é um concessionário de Deus. Cada dia é ensejo renovado de aprender, servir e amar. Aproveite cada momento, para seu crescimento e dos irmãos em humanidade que estejam no raio de sua influência pessoal. Não desperdice tempo nem recursos. Converta cada circunstância do caminho em tesouros de solidariedade, ternura e fraternidade. Porque, afinal de contas, sendo jovem ou rico, poderoso ou prestigiado, pode tudo, a qualquer instante, ter que devolver ao Altíssimo, e, assim, dar contas do tempo que lhe foi concedido, a Ele, o Dono de tudo. E… este dia pode ser hoje!… E, mais importante ainda: se refletir, com um pouco mais de profundidade, reconhecerá facilmente que este dia é sempre hoje, já que os ensejos de aprendizado e realização de cada dia jamais se repetirão exatamente como acontecem no presente, e estarão para sempre perdidos, quando desperdiçados ou mal usados.

Não durma ante a possibilidade de fazer o melhor. Hoje é o dia. Agora é a hora. Siga seus ideais maiores, viva seus princípios em cada situação prosaica do cotidiano. Dê-se aos grandes lances de solidariedade, mas multiplique, também, no cotidiano, os pequenos gestos de amor, indulgência e esclarecimento. Deste modo, estará acordado, ou seja – respeitadas as devidas proporções do seu nível de evolução – em estado búdico de consciência (“buda” significa: “desperto”). De modo que, quando o Senhor chegar (o término de sua encarnação atual), não só você estará vigilante (ativo no cumprimento de seus deveres), como terá obras a apresentar (aos seus orientadores espirituais, avalistas de sua atual estada no plano físico), resultados beneméritos, ainda que pequeninos (mas cheios de significado e profundidade nos sentimentos, nas intenções e motivações ocultas), dos seus esforços no campo do bem.

(Texto recebido em 20 de junho de 2005.)