por Benjamin Teixeira.

Esforce-se para ter prazer. A dor compõe a parte preguiçosa da vida. É fácil sofrer: é só relaxar, que o tempo se encarrega de conduzir tudo ao caos e à morte. O segundo princípio da termodinâmica, a entropia, então, atua vitoriosa, levando tudo a uma desordem crescente e acachapante.

Há coisas mais dispendiosas e dolorosas que frustração e fracasso? E o que se deve fazer para atingir a não-realização de um ideal senão apenas descansar, adiar, deixar passar… Procrastinação, preguiça, desânimo, covardia: um quarteto diabólico!

Hoje, empenhe-se no seu ideal. Em vez de ficar com a mente anestesiada na hipnose da TV, vídeo-games e congêneres eletrônicos, trocando “conversa fiada” num barzinho e “enchendo a cara”, dedique um tempo para si, um investimento na sua alma, no seu destino, no seu futuro, na sua felicidade.

Pinte um quadro, ou deseje, ou escreva uma poesia. Dê aquela caminhada à beira praia, tão protelada. Faça aquela visita do coração, tão necessária. Recomece seus estudos: essenciais. Faça um curso em área diferente da sua, ou leia e pesquise sobre campo de atuação diferente, agregando valores enriquecedores ao seu acervo de conhecimentos, fomentando criatividade e a chamada “hibridização interdisciplinar”, quando idéias e conceitos provenientes de outros âmbitos de conhecimento ou ação fertilizam procedimentos e técnicas na área da atuação que é própria a alguém.

Não acredite na voz do comodismo e da negação dentro de si: lute por seus sonhos (ainda que precise reformulá-los o mudá-los de feição ou endereço), a começar de pequenas coisas, como se disciplinar a uma caminhada diária ou a uma leitura singela, todos os dias. Quem se vence, pode vencer o mundo. Quem não consegue vitória sobre si, não conseguirá nada, nunca, que seja efetivo, que dure verdadeiramente, que transforme profundamente, que felicite integralmente.

Ser feliz é o desafio. Ter prazer, prazer de verdade, o contentamento da alma, a satisfação do espírito, completa, o não entorpecimento dos sentidos e da razão, dá trabalho. A alegria do coração provém de empenho, disciplina e determinação inamovíveis. Ou isso ou o delicioso caos que conduz à morte e a dor – delicioso só no início, tétrico sempre em suas conseqüências, a médio e longo prazos.

A escolha, é óbvio, será sempre sua. Mas se você não sabe adiar gratificações, está em situação mais deplorável que a da criança que não controla os esfíncteres e faz xixi nas calças, por não saber conter o impulso do alívio na bexiga, até chegar ao toilete, ou a do menino rebelde, que quebra a carteira e sai da sala de aula, por não agüentar aguardar pelo momento do recreio. Você já saiu do maternal?

(Texto redigido em 31 de maio de 2004.)