Benjamin Teixeira
pelo espírito
Eugênia.

Se quer crescer materialmente, não busque ter fortuna demais. O cofre cheio favorece uma mente turbilhonada de preocupações e angústias.

Se visa a ascender na hierarquia do prestígio social, não fixe o destaque excessivo. Visibilidade requer tato psicológico e maturidade espiritual que consternam e retalham espíritos menos preparados.

Se pretende adquirir poder, para realizar grandes coisas, não pense no poder para si, e seus interesses pessoais. O poder é tóxico medonho da alma, a enlouquecê-la em tempo curto.

Se tem como escopo obter cultura e inteligência, não procure as letras como quem guarda pérolas para si. O conhecimento e o raciocínio acumulados com egoísmo, na intenção de promoção pessoal, podem tão-somente, introduzir o indivíduo no desvario das obsessões variadas.

Se fita a vanguarda das idéias e dos valores, como objetivo de sua vida, cuidado com a extravagância na velocidade do crescimento e da exposição pública de suas experiências íntimas. Quem está à frente demais do seu tempo, passa por louco, demente ou mau-caráter, padecendo dores atrozes, na perseguição e no escárnio gerais, amiúde sem nem conseguir ser ouvido, para favorecer o progresso coletivo, por melhores sejam as intenções do idealista.

Em tudo, prime pelo equilíbrio e pelo bom senso. Não adianta tudo querer, para simplesmente tudo perder. É melhor almejar o pouco possível, e crescer devagar, mas sempre, que focar o muito impossível e ficar com nada e terríveis padecimentos de consciência.

Faça agora o que está ao seu alcance. E, quanto ao demais, confie em Deus, que, para que outros ganhem e vejam o que você tenciona mostrar-lhes, enviará missionários em tempo oportuno – diga-se, claramente: tempo futuro – já que nem tudo pode ser dito a todos, nem tudo pode ser conquistado por todos, nem tudo pode ser vivido por todos, no tempo que se chama agora.

Portanto, respeite os seus próprios limites e os limites psicológicos, espirituais e evolutivos (numa palavra) dos outros, já que, sem respeito aos ritmos evolucionais de si e dos irmãos em humanidade, nada se faz ou se edifica de verdadeiro e duradouro.

(Texto recebido em 8 de dezembro de 2004.)