Benjamin Teixeira
pelo espírito Eugênia.


Para fazer a humanidade avançar, a Divina Providência faz reencarnarem espíritos nobres, de alta estirpe evolutiva para os padrões da Terra, a fim de que conceitos, perspectivas e significados sejam expandidos em todos os sentidos.

Sempre há característicos especiais a denunciá-los. Dotados de inteligência invulgar e múltipla, dominam grandes áreas de habilidade como a lógico-analítica, a lingüística, a intuitiva, a relacional e a artística, a um só tempo, quando poucos são articulados em uma ou outra. Com colossal arquivo de experiência e maturidade acumulado em outras vidas, falam de diversos assuntos, como se fossem especialistas em vários deles, e invariavelmente discursam na linha de ponta de cada ramo do saber, ainda que sem os termos técnicos respectivos às diversas disciplinas. Compreendem tudo rapidamente, e, enquanto os peritos de diversas campos do conhecimento estão perdidos em enigmas, eles já estão apresentando a solução, ao menos em esboços de respeitável coerência. Sorriem em meio a tragédias pessoais. Levantam caídos, quando não têm quem os levante. Choram com os outros, mas não amolecem o caráter de ninguém, com excesso de mimos. Olhos flamejantes de vida (porque evolução indica mais vida acumulada), despertam admiração ou repulsa imediata, mas dificilmente indiferença. Normalmente, porém, quando alguém digno deles se aproxima, sente imediata impressão de reverência e simpatia, quando não de temor. Por isso, carismáticos de um modo inexplicável, despertam amor ou medo, por se pressentir que não só dão muito, mas que têm o poder do espírito dentro deles.

Você os pode reconhecer, também, pelo desinteresse de si mesmos que demonstram. Embora seu comportamento, amiúde, vá deixá-lo perplexo, principalmente se você se aproximar deles (porque não só não seguem as convenções do mundo, como raciocinam e sentem a realidade de modo completamente diverso da média terrena), e, com isto, você venha a ser tentado a adivinhar intenções menos dignos neles, pare, reflita e analise com cuidado, atendo-se aos fatos. Verá, então, facilmente, que podendo ser poderosos, no cenário político, renunciam ao destaque, para melhor servir ao povo, em atividades consideradas subalternas, pelas fantasias da sociedade. Podendo enriquecer, abdicam de fortuna e posses, para melhor agirem, no campo do saber e da solidariedade, a bem do semelhante. Podendo estar nos galarins da fama, preferem atividades menos lisonjeiras, que os fazem motivo de chacota para muitos. Podendo viver grandes amores, tão fascinantes como são, comumente renunciam ao afeto íntimo, para melhor estar com todos, a serviço, mais uma vez, do bem comum.

É claro que às vezes aparecem no cenário político, acumulam fortuna, destacam-se na fama ou casam-se e constituem família, mas, sempre, em função do bem comum, calando interesses pessoais e invariavelmente dispostos a tudo sacrificar pelo bem dos outros, como suas decisões e caminhos escolhidos revelam inequivocamente, após rápido exame.

Espíritos mais velhos, são totalmente despreocupados da consideração a convenções sociais ou do respeito e admiração públicos, muitas vezes agindo na contra-mão do que deles é esperado. Não procuram estar enquadrados, pelo que passam por escandalosos, procurando espalhar e dar amor, além de toda expressão de preconceito. Falam a verdade, com destemor, contrariando interesses constituídos, e, como é óbvio, despertando a fúria e a inimizade de muitos, e, por onde passam, criam consternação e confusão, porque, basicamente, não são compreendidos.

Não os procure “fazendo tipo” de santos ou de grandes mestres, porque, extremamente maduros e honestos, jamais se coadunam com qualquer ordem de encenação. Não os busque em expressões sisudas de ermitões, porque, simples e despojados, misturam-se aos “normais”, cheios de bom humor e naturalidade, decepcionando que espera neles encontrar a performance maneirista do “grande espírito entre nós”.

E por que lhe dizemos isto, prezado leitor? Para que você não só os identifique, como deles se aproxime, para melhor aproveitar a presença deles no mundo; como, por outro lado, para ajudá-los a cumprir suas missões. Porque, muito embora sejam almas alcandoradas no processo evolutivo, para os padrões médios do globo, não são anjos, normalmente, e portam carências e necessidades como todo ser humano comum, que, “teimosamente”, esquecem eles de atender, para sempre beneficiar e priorizar os interesses e necessidades de outras pessoas. E o que acontece com esta falta de reconhecimento que tão lhes é típico no mundo? Não só muita gente desperdiça o ensejo de aprender e crescer mais celeremente, interagindo com boa-vontade com eles, como ainda atrapalham-lhe o serviço, por não lhes entender as carências e necessidades, amiúde negligenciadas por todos. Só muito mais tarde, provavelmente após a desencarnação, aqueles que convivem com estes espíritos especialmente evoluídos para o orbe dar-se-ão conta de que poderiam ter feito mais por eles, amado-os mais, auxiliado-os mais, e que aquela alma boa e velha que estava com eles, caminhava se arrastando, sem que ninguém se desse conta disto, já que todos estavam interessados apenas nos próprios negócios e vidas pessoais, enquanto ela, aquela alma que só pensava em todo mundo, menos em si, acabou por fazer menos que poderia, ou voltar antes da hora para o plano d’onde veio, por enorme precariedade na cooperação que poderia e deveria receber dos que conviveram com ela.

Não espere que elas digam o que precisam. Elas não vão dizer. Não espere que elas chorem. Só choram quando estão à beira da morte. Não espere que peçam amor. Quando pedem, estão às vascas da vertigem da loucura. Estenda a mão a estes cirineus ignorados, e ajude-os a seguir. Não espere que sejam anjos, deuses ou santos aqueles que apenas são seres humanos mais velhos e experientes. E, se não puder fazer nada de bom, ao menos silencie e deixe-os trabalhar em paz, porque, amiúde, por não ter seus caprichos atendidos, muita gente lhes ataca a moral e o ânimo, ao dizerem: “não é santo!”, concluindo, em seguida: “logo, é um charlatão!”, sem se darem conta do despautério e da injustiça que enunciam, pois que, se são humanos e “comuns”, mais ainda merecem ajuda e louvor em seus esforços beneméritos.

(Texto recebido em 26 de junho de 2005.)