(Breve ensaio sobre a evolução das concepções acerca de Deus.)

Benjamin Teixeira
pelo espírito
Temístocles.

Em 1600, dissemos: “Oh! A Terra não é o centro do universo que Deus criou!”

Em 1700, alardeamos aos quatro ventos: “Nossa! Deus tudo criou, a partir da matemática!”

Em 1800, gritamos, virulentos: “Mentira! Deus não existe! É um mero instrumento de manipulação dos poderosos! Só a razão traz a verdade!”

Em 1900, contemporizamos: “A religião é importante, como um fenômeno social promotor da paz entre as massas, mas deixemo-la para os ignorantes. Nós, os cultos, lembremos de que Deus é uma criação da mente primitiva.”

Em 2000, dividimo-nos: “Deus existe, até o cérebro o percebe, como percebe o mundo físico”; enquanto outros declaramos, para confusão geral: “Bobagem, é tudo bioquímica do encéfalo!”

Em 2100, tornaremos a nos unir, postulando, no uníssono do bom senso que se generalizará, numa síntese magnífica do fenômeno histórico da evolução das idéias sobre Deus: “As religiões podem ser retrógradas, o fanatismo pode cometer atrocidades, mas Deus não só existe, como se utiliza da bioquímica da nossa neurofisiologia para se comunicar conosco.”

Em que século você deseja estar?

(Texto recebido em 14 de abril de 2007. Revisão de Delano Mothé.)