Benjamin Teixeira
pelo espírito
Eustáquio.


Quando te sentires à beira do precipício, envergando o corpo, em direção à goela sanguissedenta do abismo, retorna sobre os próprios passos, sustém os impulsos que te sugerem renderes-te à vertigem da loucura e da queda, e medita, tranqüilamente.

Por mais que a circunstância te sugira impossibilidade da medida, mister considerar que, justamente nas situações mais caóticas e difíceis é que se faz imprescindível entrar em estado reflexivo, e, assim, fazer-se uma avaliação judiciosa do melhor rumo a tomar, em vez de se entregar ao ímpeto de decidir sob o calor das emoções do momento, por caminhos sem volta.

Destarte, não te deixes embalar pelas impressões do instante que ora passa. O desespero sempre alvitra a impressão de impossibilidade, em conjunturas perfeitamente resolúveis.

Redobra, assim, tua determinação de seguir, a despeito dos óbices que encontres em tua senda existencial. Obstáculos existem em função de estimular a transposição deles mesmos, de incitar o desenvolvimento da aptidão para tanto. Adversidades aparecem na existência humana, à guisa de convites a que germinem e dilatem-se novas capacidades de superação de desafios.

Destarte, nada de amolentar o caráter, ante a contingência mais difícil. De reversa maneira, olha para frente, divisa o horizonte largo das possibilidades infinitas de solução de problemas, e compreende que, acima de tudo, sobrepaira a infinita bondade de Deus, que só permite as criaturas vivenciem aquilo que é bom para o seu aprendizado, apropriado ao seu crescimento, e, portanto, propiciador de sua ventura.

Nesta perspectiva superior, mantém-te, então, em guarda, e pára, de uma vez por todas, com todo petitório caprichoso, bem como toda ladainha de lamúrias perfeitamente dispensáveis.

(Texto recebido em 9 de abril de 2005.)