Benjamin Teixeira
pelo espírito Eugênia.

“Senhor, eu creio! Ajuda a minha incredulidade”.
(Marcos, 9:24)

Trouxe a passagem acima citada do Evangelho de Nosso Senhor, a fim de comentar a necessidade de distinguirmos os conceitos de fé do de acreditar. Fé é valor da alma. Acreditar é uma circunstância do intelecto. Quando alguém diz que acredita em algo, em considerando que esteja fazendo usado adequado do vernáculo, está como que se declarando sujeito a uma espécie de infecção emocional. Afirma estar jazente num estado de eclipse do raciocínio e envolvido em fortes tons hipnóticos de indução psicológica, por dada experiência ou personalidade influente que haja contactado. Quem tem fé, entretanto, possui acordadas fortes expressões do espírito, vetores da consciência que lhe fazem intuir propósitos, significados e finalidades nos eventos, pessoas e processos da existência, que não seria possível apreender de outro modo.

Quem tem fé desenvolveu a inteligência intuicional num nível mais alto. Não apenas raciocina com qualidade (inteligência racional), não apenas tem consciência de seus sentimentos e os administra com excelência (inteligência emocional), mas já desdobrou a capacidade de perceber de modo direto fenômenos complexos, que não podem ser abarcados, de imediato, nem pela inteligência do intelecto (restrita à análise de poucas variáveis por vez), nem pela inteligência das emoções (adstrita às expressões oscilantes dos próprios estados de consciência e das insurreições do inconsciente). A fé propicia, ao indivíduo, o poder psíquico – digamos assim – de enxergar as evidências de seu nobre código de princípios morais e espirituais e descobrir a fortaleza emocional bastante para enfrentar e superar crises existenciais, que põem em xeque tal código.

A fé nunca nega a razão, portanto – muito pelo contrário: dá-lhe respostas profundas e completas, que nem sempre a razão está apta a compreender de todo. A fé nunca se casa, por outro lado, com estados desajustados da emoção: confere serenidade, equilíbrio e paz ao seu portador.

Seja, assim, racional: busque evidências lógico-factuais, para suas convicções espirituais; por outro lado, procure manter-se sob domínio psicológico adequado; mas não se detenha na antecâmara do auto-controle racional. Permita-se singrar para o espaço sem-fim das perquirições do espírito, conhecedor de que aquele que vai além do concreto em suas avaliações e raciocínios, demonstra ter uma mente superior e não o contrário. Somente mentes primárias ou doentes só aceitam o que tocam e vêem. Intelectos avantajados enxergam a concretude de valores aparentemente invisíveis, porque abstratos: a cultura, a civilização, a organização financeira dos povos, os valores civis e morais, os sentimentos (que nos premiam com vivências sérias, profundas e indispensáveis como a da família), as intuições (que trazem inovações tecnológicas e conceituais)… Até mesmo para a compreensão apropriada de conceitos elementares da ciência é imprescindível um pouco desta aptidão. Ou como se poderá aventurar no universo complexíssimo da física de sub-partículas ou da engenharia genética, sem apreender o imponderável em substancial medida? Por sinal, a ciência já descortina inclusive regiões da neurofisiologia cerebral, mapeando-as como condizentes às funções místicas do orar, meditar e ouvir “vozes espirituais”. Podemos, para dar um caráter mais “científico-moderno” de nossas reflexões, inferir, ante tais recém-descobertas das neurociências (*) que o um cérebro bem utilizado necessariamente conduz à vivência da fé, do espiritual e do religioso, no nível profundo e efetivo de reflexões e prática.

Deus só é questionável para quem acabou de descobrir o prazer e o poder de questionar, como o adolescente arrogante que se dá a rebelar-se contra tudo e todos, julgando-se dono de todas as respostas, apenas porque se descobriu com um cérebro um pouco mais eficiente que um infantil. Mentes que se aprofundaram na arte de argüir, perquirir e intuir, não se detêm nos pródromos da negativa, avançando, seguras, para as elucubrações escatológicas fundamentais que conferem ao indivíduo o sabor de eternidade, de estar vivo no agora, e de ter um propósito para existir, além, obviamente, de lhe prodigalizar a magnífica aptidão para compreender questões complexas e dissecá-las com clareza e simplicidade, o que se chama, tradicionalmente, de sabedoria.

(Texto recebido em 28 de outubro de 2005.)

(*) Neuroteologia, em particular, novo ramo das neurociências. (Nota do Médium)

Avisos para este fim de semana, 29 e 30 de outubro de 2005:

1) O programa “Revolução” da TV Aperipê, televisão aberta, canal 2, em Aracaju, começará, a partir deste sábado, a ser exibido às 16 h, em virtude do horário de verão.

2) O primeiro Jantar Beneficiente do Projeto Salto Quântico acontecerá neste sábado 29 de outubro, às 20 h, no Mega Espaço, Rua Nossa Senhora das Dores, 534, Bairro Suíça. A entrada, dando direito ao jantar, será vendida à porta do local, no valor de R$20,00 (vinte reais).

3) O evento Maria Cristo, do último 24 de julho, será transmitido em rede nacional de televisão, em versão editada, no domingo, às 9 h e 30 min (horário de Aracaju), 10 h e 30 min (horário de Brasília), pela Rede TV.

(Departamento Editorial e de Imprensa do Projeto Salto Quântico)