Benjamin Teixeira
pelo espírito
Clóvis Mozart Teixeira (*).

Há duas engenharias: a de Deus e a dos homens. Uma perfeita, a outra falha.

A matemática assombrou-nos por séculos, com sua precisão. Com Newton, há duas centenas de anos, chegamos à certeza de que verdades absolutas haviam sido reveladas. Veio Einstein, porém, e pôs por terra todas as nossas ilusões de verdades definitivas.

A física newtoniana continua sendo utilizada para cálculos estruturais, nas edificações modernas, mas sabe-se, de antemão, que se faz uso dela, como modelo aproximado prático da realidade, pelo fato de as construções, na dimensão humana, não exigirem precisão maior de dados. Mas se partirmos para o infinitamente grande ou para o infinitamente pequeno, começamos a ter sérios problemas, e diversas e complexas equações têm que ser montadas, em arranjos complicados, a fim de haver menos erros de aproximação. Entra-se, então, no caso do microcosmo, no campo da Física Quântica. E, no que tange ao macrocosmo, apelamos para as teorias da Física da Relatividade.

Faça, assim, meu caro, seu cálculo de probabilidades, na administração de sua existência. Contudo, nunca olvide que, por mais avançado e douto seja o seu crivo científico-racional, sempre estará sujeito a erros, embora possa pontualmente acertar, todavia sempre no sentido de acertar por aproximação, não em precisão de coisa alguma – o que não existe para a mente humana: acerto completo.

Deste modo, ponha tudo nas mãos de Deus, que tudo sabe, tudo vê e tudo encaixa com absoluta perfeição, em sua matemática perfeita, no engenho infinito do universo. Ele, o Grande Arquiteto, saberá, não tenha dúvida, tudo coordenar para o bem geral, como para o seu bem em particular, se permitir que Ele o inspire e o conduza, para a sua felicidade e a de outras pessoas.

(Texto recebido em 9 de março de 2003.)

(*) Clóvis, nesta última existência física, encerrada no Natal de 1979, foi meu avô materno. É dele, inclusive, o “Teixeira” que uso, para me diferenciar do nome de meu pai, já que não tenho nem “Júnior”, nem “Filho” e carrego todos os demais sobrenomes de meu genitor.

Engenheiro por formação, foi o primeiro de sua profissão no Estado de Sergipe, tendo-se graduado ainda na década de 20 do século transato. Entre o pequeno grupo de entidades que se comunicam periodicamente comigo, meu avô é a única pessoa de meu ciclo biológico de relações (afora Irmã Brígida, que foi minha tia-avó, mas com quem não travei contato direto nesta vida física: ela desencarnou seis anos antes de eu reencarnar).

Apesar de ter diversos entes queridos desencarnados, alguns deles realmente muito queridos (cinco tios e três avós, dos quais cinco com quem convivi intensa e extensivamente no tempo), apenas Clóvis trava contato comigo com relativa freqüência, e, sem dúvida, tenho por ele uma estima toda especial, sentindo-o como um pai espiritual que me visita assiduamente e toma conta de mim, apesar de não me sentir disso merecedor.

Vovô Clóvis é dos espíritos do Campo do Bem que vejo com maior nitidez, amiúde vendo e ouvindo com clareza impressionantes concomitantemente, como foi o caso de hoje (geralmente ou ouço com nitidez ou vejo vividamente – não as duas coisas ao mesmo tempo). Essa mensagem, por exemplo, ele praticamente ditou de ponta a ponta. Postou-se à minha frente, e, com paciência, começou a ditar o texto. A maior parte das palavras, em vez de traduzi-las telepaticamente (como se uma outra mente se ligasse simbioticamente à minha: o sitema de comunicação psíquica que normalmente é utilizado em minhas psicografias), ouvi-as uma a uma e as fui transcrevendo no computador. Sorridente e sereno, vovô aguardava que terminasse de digitar e prosseguia, com sua voz cálida e macia, grave e baixa, que lhe era bem característica.

Vovô era homem extremamente culto. Versava sobre diversos assuntos, como se fosse especialista em vários deles. Falava de Direito, como um advogado; de Medicina, como um médico; de Filosofia, como filósofo, etc. Era uma delícia ouvi-lo. Das lembranças que tenho dele (quando ele faleceu tinha acabado de completar nove anos) uma das mais fortes é a de que o encontrava, amiúde, placidamente lendo a revista norte-americana “Time”, o que ele fazia religiosamente, todas as semanas. Para a Aracaju dos anos 70 do século passado, sem dúvida, era um hábito insólito. Gostava muito de lhe fazer perguntas de ordem científica, e ele, que me julgava mais inteligente do que era, respondia-as de modo muito acima de meu entendimento da época, o que tinha vergonha de lho revelar, para não decepcioná-lo. Além do quê, era inabalavelmente calmo. O mundo podia desabar em torno dele que se mantinha imperturbavelmente sereno.

Hoje, vovô aparece na vibração próxima do plano físico em que estamos (eis por que talvez o veja com tanta nitidez, além do amor profundo que nos une), e ternamente me conduz em momentos de crise, principalmente quando me sinto mais só, envolvendo-me em suas vibrações tranqüilas e paternais.

Obrigado, vovô. Você é um pai maravilhoso!

(Nota do Médium)