Benjamin Teixeira
pelo espírito
Eugênia.


Se aqueles que o seguem não o compreendem, perdoe. Não sabem o que fazem ou dizem. Apontam-no como louco, porque não está preocupado em acumular fortuna para si, porque não está constituindo patrimônio, porque não visa às suas questões pessoais, acima das coletivas, porque não está preocupado em obedecer a convenções sociais. E estavam em silêncio, até o momento em que você os convidou a participar, mais de perto, do concerto e da felicidade, da glória e da grande oportunidade de servir à causa do Cristo. Agora, incomodados com o chamado à responsabilidade, revolvem-se nos seus assentos de comodidade, procuram culpados e resolvem-se pela presa mais óbvia e fácil: você, o estafeta da exortação do Alto a que se movimentem no campo do bem.

Releve: são crianças que se supõem adultas, e que preferem vê-lo como desatinado, a enxergarem e reconhecerem o próprio apego às posses e conveniências materiais. Desconvide-os, educadamente, do posto de serviço a que os convocou, lembrando a eles que o livre-arbítrio impera em toda relação e compromisso com a espiritualidade, e que ninguém está obrigado a dar nada de si, ainda que migalhas das próprias sobras.

Houve um tempo em que os mártires, ébrios de esperança e alegria, davam a própria vida em holocausto, por amor à verdade. Outros, mais felizes, vendiam tudo que tinham e davam aos pobres, seguindo, literalmente, a proposta do Mestre de renúncia absoluta aos bens e posições materiais. Hoje, todavia, de tal modo a humanidade se fascinou com o progresso do conforto no mundo físico, que até o pedido de doação de uma pequena parte dos excedentes é motivo de fúria e desgosto, por parte de quem é convidado ao banquete da espiritualidade que deveria ser motivo de profundo gáudio d’alma.

Vê você as obsessões, suas e deles. Eles, porém, só supõem ver obsessões em você… Não notam quão obnubiladas têm as percepções e o senso de avaliação, e, assim, segue você em silêncio, sozinho, como, aliás, tem sido até hoje, atingindo, um a um, os objetivos “absurdos” e “impossíveis” que lhe pedimos alcançar.

Não se angustie, todavia, porque sempre foi assim e sempre será, enquanto a Terra não for um mundo da Luz. Os vexilários da fé e da verdade divina serão sempre tratados como párias, loucos ou dementes. E não só os distantes assim agirão com esses mensageiros do bem, mas os mais próximos, por não acreditarem que quem vêem perto possa estar recebendo uma delegação diferente das que podem compreender para si mesmos. Como o próprio Jesus disse: “Aquele que comer do meu prato, este me trairá”, ou, n’outra passagem evangélica: “O profeta não é recebido na própria terra”.

Diante de todo o turbilhão feito pela maldade e futilidade do mundo, em torno de seus passos de idealista, oração e silêncio. E, principalmente, após verificar, com isenção de ânimos, se há algo em que eles possam ter razão, siga com seus propósitos de ideal, com eles ou sem eles, porque, fiel à sua consciência, sozinho ou acompanhado de amigos do plano físico, seguirá sempre com a Presença de Deus, a única que realmente importa.

(Texto recebido em 24 de janeiro de 2005.)