Benjamin Teixeira,
pelo espírito
Eugênia.

Você verbaliza sua dor, mas não obtém o resultado que almejava: o conforto imediato. Fica, destarte, um pouco confuso. Não tem idéia, exatamente, de como se posicionar.

Sua mente em parafusos, todavia, sabe que tudo passa. Essa a grande mensagem da sabedoria. Portanto, aguarde o momento benfazejo do refazimento, que não tardará.

Quando a dor é lancinante, provavelmente seu psiquismo se abre a novas perspectivas ou está sendo a isso obrigado pelas Potências Evolutivas da Vida. Reflita, então, aproveitando o momento, verificando o que pode aprender com os sofrimentos que lhe advêm “por forças das coisas”.

Sim, sabemos que nem sempre é fácil descobrir tudo isso, e, sobremaneira, viver a idéia, com serenidade e paz, de que a dor é uma companheira periódica. Entrementes, existe aqui uma questão mais de interpretação do que de fatalidade: você pode vê-la como devoradora ou promotora de sua felicidade. Isso não é filosofia barata, para que se auto-iluda, confortando-se com verdades empasteladas. De fato, a dor comparece ao concerto dos acontecimentos humanos como uma mensageira de lições complexas que não podem ser assimiladas de outra forma, pela consciência em processo evolutivo, senão através dos mecanismos do esforço intensivo – leia-se doloroso – de crescimento.

Não é o aceitar a dor que dói, mas sim o negá-la. Quando é denegada, ela corre empós o indivíduo, em seu encalço, até que o alcance, e o faz de modo muito mais duro do que seria se houvesse a aceitação de sua naturalidade.

Leia seus padecimentos. Eles contêm grandes ensinamentos, entre as dobradiças de suas engrenagens, que propiciam verdadeiros saltos evolutivos, se você souber absorvê-los corretamente.

Compreendemos suas dificuldades, mas toda criatura humana tem suas limitações. Evite a vitimização pessoal e avance para as vivências que lhe são ofertadas pela vida, com a coragem e a audácia do guerreiro. Jamais se apassive. Tudo tem um propósito na existência. Nada acontecendo à toa, recorde-se de que está, em verdade, sempre sendo convidado a se superar, vencendo situações externas, com o valor de sua determinação. Agindo com essa ótica, você estará acertando na maior parte do tempo, e sua vida converter-se-á numa esteira de grandes conquistas, levando-o a encarapitar-se em um nível tal de fortaleza, que nenhuma dor logrará abalá-lo realmente. Um incômodo aqui, um desagrado ali, mas nunca mais o fel do desespero, nem o amargor da revolta.


(Texto recebido em 18 de janeiro de 2000. Revisão de Delano Mothé.)