Benjamin Teixeira
pelo espírito
Eugênia(*).

Você pode não ser médium ostensivo, e, assim, não perceber com clareza a presença e influência dos espíritos em sua vida. Mas, em medida embrionária, toda criatura é médium, e capta, ainda que inconscientemente, influxos mentais provenientes de mentes humanas encarnadas ou desencarnadas, e, em alguns casos, vibrações oriundas de altas esferas de consciência angelical. Não sendo médium ostensivo, apesar de absorver sugestões de outras mentes, com maior ou menor fidedignidade, terá a impressão de que pensamentos e sentimentos são seus e não de outrem. Em resumo: mergulhados num oceano de consciência, todos permutamos conteúdos mentais continuamente, sem nos darmos conta, amiúde, conscientemente, disto.

A grande questão é: como distinguir as emanações do plano superior de vida, daquelas que provêm de frequências mentais mais baixas, e, portanto, perigosas e indesejáveis? Vamos, aqui, enfeixar alguns elementos que caracterizam os conceitos, valores e sentimentos peculiares às faixas mais altas de consciência humana, para que o prezado amigo apure seu discernimento e engane-se menos, já que, não raro, expressões de tirania e maldade são tidas por manifestações de justiça e bondade. A história das religiões que o diga como isto acontece com lamentável frequência.

As vozes do plano superior:

Não têm preconceitos, são abertas, flexíveis e adaptáveis, mas primam sempre pelo bem comum, não sacrificando ideais coletivos por caprichos pessoais.

São disciplinadoras, severas e até enérgicas, na defesa do bem, do direito, da moral, mas nunca descambam para o despotismo, para a castração, para os complexos de culpa, na manipulação ignominiosa de toda forma de sentimento de inferioridade individual.

São doces, amáveis, carinhosas, sem pieguismos, complacência com vícios ou com conivência com condutas criminosas; todavia, sempre que possível, dosando toda ordem de repreensão digna e necessária, em expressões de bondade, acolhimento e ternura.

Propõem perspectivas realistas, considerando a humanidade de cada pessoa assistida e sugerindo-lhe uma administração de vida que contemple suas limitações e necessidades naturais, propugnando, destarte, invariavelmente, por políticas existências pragmáticas, com foco no melhor resultado, dentro de cada contexto situacional.

São sumamente racionais, profundamente afinadas com o princípio do pensamento científico, e exalam, por todos os ângulos de observação: bom senso e sabedoria.

Por fim, o contato com elas gera paz, equilíbrio e uma branda e profunda sensação de alegria e segurança, fomentando a fé em Deus, o sentimento de autoestima, a fraternidade nos relacionamentos interpessoais e a produtividade e criatividade na esfera de atuação profissional ou social.

Acautele-se, de reversa maneira, contra tudo que fomente: culpa, medo, desânimo, raiva, inveja, ciúme ou ganância. Vozes que instilem qualquer estado psicológico ou físico de desvitalização e desgosto, afora os compreensíveis períodos de introspecção e dor moral, na busca de novos patamares de progresso e espiritualidade, não promanam de Deus, devendo ser sumariamente eliminadas da casa mental, após criteriosa vasculha de possíveis lições que lhes subjazam, como o medo de perder o emprego de quem precisa investir em sua própria empregabilidade. Transformado o medo em disciplina de estudo e treinamento, desaparece a finalidade profunda de sua existência, e passa a ser um cancro emocional, a comprometer o rendimento profissional do indivíduo e sua paz e alegria íntimas.

Atente-se para todas as vozes da mente, com critério de análise e assimilação de significados. Mas, ao cabo da avaliação de cada uma, fixe apenas aquelas sintonias psíquicas que favoreçam o progresso, a paz e a felicidade, não somente sua, mas de todas as pessoas que forem alcançadas por seu raio pessoal de influência direta e indireta.

(Texto recebido em 25 de setembro de 2005.)