Síndrome do pânico, TOC, paixão desgovernada, sexta-feira 13, fanatismo político e ideológico, culto do ateísmo materialista, navegação compulsiva na internet

(Benjamin Teixeira de Aguiar) – Querida Eugênia, posso lhe pedir para entabularmos um diálogo sobre a superstição da “sexta-feira 13”?

(Eugênia-Aspásia) – Sem dúvida. É um tema interessante.

(BTA) – Mesmo? Pensei que pudesse ser fútil, uma curiosidade vã. Quase desisti de propor esse assunto.

(EA) – Engana-se. As superstições populares consistem em um dos desvios psíquicos da função devocional. Toda pessoa tem necessidade inerente e inarredável de vivência espiritual ou religiosa. Há cultos políticos e ideológicos, por exemplo, que se caracterizam por traços óbvios de fanatismo, facilmente percebidos por quem está fora de seu padrão hipnótico.

(BTA) – Isso leva um(a) cético(a) a crer que toda devoção é fanatismo.

(EA) – O fanatismo de qualquer ordem (incluindo o pseudocientífico, comum em determinadas vertentes do ateísmo materialista), como também a superstição, os desatinos da paixão, os comportamentos compulsivos, em suas diversas modalidades, são formas desvirtuadas de manifestação deste impulso axial do ser humano: a devoção.

(BTA) – Poderíamos considerar uma prova física dessa sua assertiva a recente descoberta científica, no campo da neuroteologia, de que existiriam redes neurais e estruturas no cérebro especificamente relacionadas a experiências espirituais e ao contato com Deus?

(EA) – Sim. Lembremos que os genes não contêm toda a informação necessária para a constituição dos corpos, como cada vez mais fica patente aos(às) geneticistas, à medida que aprofundam suas pesquisas e não encontram o “centro deliberativo” da organização embriogenética1. A base neurofisiológica surge por influxo da matriz mental subjacente que conduz as miríades de operações, processos e etapas sucessivos de conformação genética do corpo, matriz essa que, por sua vez, é moldada pela tendência imanente à devoção e por insondáveis potências evolutivas, preexistentes no próprio fulcro de consciência que denominamos Espírito – o que todos somos, em última análise e primordial essência.

(BTA) – Você afirmou serem os comportamentos compulsivos uma categoria de “desvio do impulso à devoção”. Conclui-se daí que os tratamentos psicofarmacológicos e terapias cognitivas são insuficientes ou incompletos?

(EA) – Em sua esmagadora maioria, crises como síndrome do pânico e transtornos obsessivo-compulsivos (TOCs) indicam uma fome visceral de Deus, tão grave e inadiável, intensa e inestancável, que eclode em ruptura psíquica, em patologias comportamentais. E tal proposição encontra respaldo significativo nos inúmeros casos desse gênero de morbo mental que não obtêm das ciências médicas qualquer possibilidade de cura e amiúde nem sequer de alívio.

Ainda quando a terapia medicamentosa tem resultado na mera eliminação dos sintomas, os prejuízos sofridos pelo(a) paciente, em termos de consequências neurológicas, como efeitos colaterais das drogas ministradas, revelam que a atuação dos psicofármacos se restringe à superfície do problema, sem remontar às suas reais causas.

Semelhantes tratamentos, portanto, lamentavelmente fazem-se muito mais paliativos do que genuinamente curativos, além de acarretarem o desperdício da força motriz implicada na crise psicoespiritual, que conclamava o(a) enfermo(a) à transcendência do nível egoico de consciência.

(BTA) – Então, você recomendaria a busca de uma vivência espiritual autêntica àqueles(as) que acreditem em superstições?

(EA) – Sim. E igualmente a quem porte distúrbios afetivos ou viciações psicológicas de quaisquer naturezas, como a compulsão a navegar na rede mundial de computadores. Nada há de errado em pesquisar, estudar ou enriquecer o próprio cabedal de conhecimentos, colhendo o máximo possível de benefícios da grande massa de dados ofertada pela internet. Todavia, a premência quase dolorosa com que certos(as) jovens e adultos(as) abrem “janelas” na realidade virtual, sequiosos(as) de tudo e de nada, tomados(as) de uma curiosidade nervosa e angustiante, sem saberem o “Que” realmente procuram, em geral representa um claro indício de que algo mais profundo é negligenciado, de que uma necessidade axial não está sendo satisfeita.

E, por um mecanismo compensatório, no afã de gerar homeostase psicológica, o sistema autorregulador da mente estabelece recursos sucedâneos, quais os mencionados acima, absolutamente incapazes de atenderem ao verdadeiro reclamo da alma, assim como a água do mar é imprópria à ingestão e não mata a sede – ao contrário, aumenta o tormento de alguém que caia na tentação de tomá-la para dessedentar-se.

(BTA) – Magnífico, Eugênia! Muito obrigado. Você quer sugerir alguma prática religiosa ou espiritual?

(EA) – Não. É de responsabilidade de cada ser consciente descobrir suas próprias trilhas rumo ao(à) Criador(a). Entrementes, não importando o meio que se escolha, desde uma linha moderna de espiritualidade a uma religião conservadora ou mesmo ortodoxa, a necessidade de se conectar ao Sagrado deve ser encarada como impreterível e prioritária. A ausência de exercício meditativo-oracional diário e de frequência semanal a um grupo de devoção à Divindade resulta inevitavelmente, cedo ou tarde, em distúrbios na psique humana, a começar do embotamento de suas faculdades, comprometendo tanto a lucidez e a memória quanto a concentração e o poder de engendrar soluções criativas para as problemáticas existenciais.

(BTA) – Desculpe-me insistir, Eugênia, mas é que essa dor costuma ser arraigada e lacerante demais, provocando repercussões altamente destrutivas nas vidas de muitas pessoas. Pode-se dizer, a partir dessa sua resposta, que o indivíduo deve orar ou meditar em casa, diariamente, enquanto faz a pesquisa do ambiente ou colégio de fé com que mais se afine?

(EA) – Sim. É uma boa sugestão. No entanto, é de fundamental relevância que o(a) discípulo(a) da verdade se engaje em uma escola de cunho espiritual, seja tradicional ou moderna, cristã ou oriental, a fim de participar semanalmente de suas atividades coletivas, com inabalável assiduidade. Não existe busca solitária de comunhão com o Divino – eis um dos mais bem-acabados enganos elaborados pelo ego, sob influência de forças desagregadoras, para afastar a criatura de seu caminho de ascese. Deus é Amor… e o Amor propele sempre à união, à conciliação, à fraternidade sem fronteiras.

(BTA) – Obrigado, Eugênia.

(EA) – Sempre às ordens, para os pedidos justos de orientação e aprendizado.

Benjamin Teixeira de Aguiar (médium)
em diálogo com Eugênia-Aspásia (Espírito)
12 de fevereiro de 2009

1. Por ocasião de nosso “Encontro EUA-Brasil sobre o pensamento do Espírito Eugênia”, evento realizado em dezembro do ano passado (2008), nos EUA, uma Ph.D. em biologia informou-me que o foco dos(as) cientistas da área se volta atualmente para as proteínas, porquanto já está claro que os genes não exercem a função desse “centro deliberativo”, como designado pela mentora espiritual. Em breve, descobrirão que as proteínas também não cumprem esse papel. E chegarão, por fim, ao nível subatômico de organização da matéria, que é essencialmente vazio, porque pleno de consciência, conforme afirmam sumidades em física quântica.
Só então, de fato, será possível fazer inferências científicas relativamente próximas das concepções ora apresentadas pela mestra do Plano Sublime. Disse “próximas”, já considerando a teimosia fanática de materialistas que, indefinidamente, insistirão em gerar dúvidas desnecessárias sobre o que está obviamente evidenciado por estudos e pesquisas exaustivos, em diversas disciplinas seriíssimas do conhecimento humano: que o Espírito, como Centelha Divina, está na base de tudo.
(Nota do médium)