Benjamin Teixeira
pelo espírito
Eugênia.

Eugênia, pode dizer-nos algo sobre o período natalino?

Vou reforçar alguns pontos essenciais, alguns bem batidos (inclusive aqui, neste site), e outros novos:

Deve-se procurar lembrar que Jesus é o aniversariante simbólico (*) da época e que, portanto, as convenções natalinas de dar presentes e trocar “votos de paz e felicidade” feitos, muita vez, de modo tão mecânico que raia o cínico não é bem o que o Cristo espera de nós. Concentrar-se, sinceramente, no espírito de concórdia e fraternidade, em todos os relacionamentos interpessoais que travamos com as pessoas deve ser uma constante neste período, a fim de que nos acostumemos com tal padrão de consciência e o elasteçamos ao restante do ano.

Por outro lado, Papai Noel foi colocado no lugar de Jesus, a fim de que o inconsciente coletivo renove a idéia equivocada que fez do Mestre Maior, no correr dos séculos, vinculando-o à culpa, à castração, ao medo, à amargura. Assim, o “bom velhinho” representa a bonomia, a serenidade, o otimismo e a felicidade que não devem só permear o Natal, mas todos os dias do ano, como um representante-enigmático do próprio Jesus, que quer a bem-aventurança e a plenitude de Seus filhos, falando para o lado “criança” – ou seja: espiritual e puro – de todos nós (eis porque o Santa Clauss é um mito de relação com as crianças e não com os adultos, que se riem de sua pseudo-existência para os pequenos.)
Assim, devemos, em espírito e verdade, em pureza de intenções, abertura ao novo e ao perdão, ao recomeço e à fé em Deus, assemelharmo-nos aos “simples e pequeninos”, como afirmou Jesus, ou não entraremos no “Reino dos Céus.”

É errado espiritualmente ou anti-cristão entregar-se à tradição moderna da permuta de presentes?

De modo algum, quando tal atividade é feita de coração. Em certos casos, inclusive, o gesto de dar um presente já representa uma conciliação ou mesmo uma demonstração de bem-querer. Não só é difícil demonstrar diretamente afeto e intenções sinceras de reaproximação, como o simples ato de se dar ao trabalho de comprar um presente para alguém, de lembrar-se deste alguém e querer agradá-lo já constitui um forte indicativo de que estamos com a intenção de ser amáveis com esta pessoa.

Pode dizer algo sobre as atividades caritativas de Natal, ditas hipócritas por alguns, por não acontecerem no restante do ano?

Observe-se criteriosamente quem levanta tais argumentos e veremos críticos contumazes, sem nenhuma base moral que fundamente sua tese. É fácil ser “do contra” e apresentar falhas em qualquer iniciativa do bem. Difícil é fazer melhor e ser persistente em tal empreendimento. Somente quem faz melhor tem direito a julgar, e, ainda assim, sempre no sentido de apresentar críticas construtivas e não como estímulos negativos, que conduzam à desistência na seara do bem, porque, obviamente, toda boa intenção começa vacilante, para, com o tempo, consolidar-se; e somente um tolo suporia que alguém pudesse se converter num ás de santidade, da noite para o dia, ou seja: que viva o Natal 365 dias por ano, em vez de começar devagarinho, com 1 dia ou alguns dias anuais, para que, no futuro, e mui paulatinamente, possa estender tal atitude de amor para o restante do ano.

(Diálogo travado em 19 de dezembro de 2004.)

(*) Jesus não nasceu propriamente no dia 25 de dezembro. Tal data era utilizada para festejo do solistício de inverno (Hemisfério Norte), uma comemoração pagã muito célebre na Antigüidade, que foi “cristianizada”, por assim dizer, numa espécie de jogada de marketing e manipulação cultural e política da igreja primitiva, ao vincular a imagem do “deus Sol” à figura do Cristo, desviando-se a atenção das massas de um para outro, até eclipsar completamente o primeiro, a ponto de o vulgo perder completamente o significado original do festejo, como já acontece há séculos.

(Nota do Médium)