(Benjamin Teixeira de Aguiar)
– Com o efervescente “revival” do “New Thought” norte-americano, nesta década, muita gente tem se maltratado ao assimilar chavões badalados como: todas as respostas estão dentro de nós; existe uma semente de Gênio, Anjo ou Cristo em nossa essencialidade, esperando ser despertada; não há diferenças entre as pessoas, em seus potenciais de realização…

Basta lembrarmos a diversidade evolutiva extraordinária que distingue as personalidades e aptidões humanas, para diluirmos inteiramente tais falácias que atormentam indivíduos de boa índole e boas intenções, levando-os a se sentirem inferiorizados por não revelarem esse “deus” ou “deusa” interiores. Estou certo em assim entender o assunto? Já conversamos sobre isso noutra ocasião, mas intuo que devamos retornar à temática, que talvez ainda apresente algumas nuances importantes a serem trabalhadas. Apropriadas estas minhas impressões?

(Eugênia-Aspásia) – Sim. Sem dúvida, trata-se de uma falácia perigosa, porque frustra as almas mais jovens, quanto excita o orgulho nas mais velhas. E as injustiças costumam campear nessa linha de raciocínio equivocada. Alguém que, por exemplo, obtenha excelente resultado intelectual em determinada tarefa, por portar cérebro, mente e espírito mais bem talhados para tanto, poderia acusar de relaxados(as), preguiçosos(as) ou irresponsáveis(as) aqueles(as) que não alcancem o mesmo rendimento.

Por outro lado, paradoxalmente, as assertivas que aqui relativizamos estão corretas em seus fundamentos. O próprio Jesus, reportando-se ao Antigo Testamento, asseverou: “Vós sois deuses(as)”1 . Mas essas proposições são tão literais quanto seria a afirmação de que existe uma mulher ou um homem maduro(a) numa célula-ovo (zigoto) albergada no seio uterino. A crença disparatada de que qualquer um(a), com o mero querer, é capaz de fazer qualquer coisa, a qualquer momento, não só conduz à frustração, com muita frequência, como também favorece, amiúde, graves desvios de conduta.

Obviamente, tudo é possível, com o auxílio de Deus – mas porque Ele-Ela sempre inspirará uma possibilidade de êxito aos corações de boa vontade que de fato podem realizar o aparentemente inexequível que lhes foi sugerido pelo Alto. Em outras palavras, cada qual deve procurar ouvir a voz de sua consciência, de suas intuições, do bom senso (a ponderação lúcida e isenta de paixões), e não os apelos do consenso (a opinião média de terceiros), a fim de discernir os propósitos que sejam efetivamente concretizáveis dos que não passam de impulsos ditados pelo ego.

Assim, o(a) discípulo(a) da sabedoria precatar-se-á contra a pretensão de ser ou fazer o que foge à sua real condição evolutiva, em certa época e lugar, isto é: o que não condiz com o percentual já ativado, em si, do Gênio ou Anjo que, em graus variados, dormita na intimidade de todo ente humano.

Por fim, não está ao alvedrio de ninguém determinar o tempo desse despertar. Pregar o contrário constituiria um completo absurdo, comparável ao ímpeto de uma criança que, insuflada pela impaciência em atingir a maturidade do corpo, se esforçasse mentalmente para, de inopino, tornar-se adulta.

O desejo e a busca de aquisição de poder, no afã de provocar a plena manifestação do Eu Superior, indicam uma ingerência do ego em assuntos do Espírito, do Self, do Atman, da Centelha Sagrada… de Deus, em última instância, Que, por ressonância, no âmago mais profundo de cada ser, orquestra e supraordena esses processos-ritmos, de todo inacessíveis a Suas criaturas…

(BTA) – Muito obrigado, Eugênia. Algo mais a dizer?

(EA) – Não. É o suficiente, por ora.

Benjamin Teixeira de Aguiar (médium)
em diálogo com Eugênia-Aspásia (Espírito)
1º de setembro de 2009

1. João 10:34 e Salmos 82:6.
(Nota da equipe editorial)