Benjamin Teixeira
pelo espírito
Eugênia.

Eugênia, você deseja falar sobre algum assunto em particular?

Sim, sobre as preocupações em torno do dinheiro.

Às ordens.

As pessoas perdem tempo, energia e espaço mental demasiados com esta questão.

Mas, estando num mundo material, com responsabilidades materiais a cumprir, não estariam, de certa forma, corretas?

Sim, de certa forma, disse bem. Não afirmei que não devessem dar a devida atenção ao assunto, mas que se preocupam demasiadamente. Esquecem-se de confiar em Deus, de, após feito o que está ao próprio alcance, relaxar e soltar, renunciar ao controle dos resultados, ter fé na Divina Providência, que supre todas as necessidades reais daqueles que agem corretamente, no cumprimento de seus deveres. Esquecem-se de se ocupar, mentalmente, com outras questões graves (em verdade, mais importantes), como a atenção aos laços de afeto da alma, como familiares e amigos, de nutrirem sua vida espiritual, de investirem em seus sonhos, em seus projetos de vida. A neurose coletiva em torno da questão do dinheiro é de tal modo generalizada que se tornou invisível. Por ser partilhada pela maioria, poucos notam que a humanidade está, em massa, parcialmente alienada, alheia às questões mais capitais da vida, em função de se fixar num aspecto importante, mas secundário da existência. Assim, chegam muitos ao túmulo, ainda possuídos por essa demência comum, para só então perceberem que nunca a questão material foi tão importante, como supunham. De tal modo existe essa esquizoidia, impregnada nas multidões, que, ironicamente, são vistos como loucos, imbecis ou irresponsáveis justamente aqueles que escapam dessa febre popular, aqueles que não focam, como prioridade em suas vidas, o tema riquezas e segurança material.

Certo. Que dizer então a essas pessoas?

Que nunca se soube de alguém passar fome por seguir o próprio ideal, em detrimento de fazer escolhas de rumo em função dos ganhos materiais. Muito pelo contrário: não raro enquicessem-se (em termos econômicos e financeiros mesmo), os que se dedicam aos apelos de sua vocação, por fazerem com mais denodo e qualidade, aquilo a que vieram a este mundo. Por outro lado, vêem-se, às turras, legiões de desiludidos e frustrados, em diversos âmbitos, entre os que resolvem tudo sacrificar ou pelo menos condicionar, em prol da questão: posses.

Mais algo a dizer sobre a questão?

Não. Satisfeita, por hoje.

(Diálogo mediúnico travado em 27 de junho de 2004.)