Benjamin Teixeira
pelo espírito
Eugênia.

Eugênia, aproveitando o ensejo das Olimpíadas, poderia nos dizer algo a respeito?

Sim, que se trata de uma iniciativa missionária, cuja inspiração é proveniente das altas freqüências de consciência, administradoras ocultas do globo, de proporções e importância incomensuráveis para os que a observam do plano físico, mas que, em resumo, poderíamos dizer que canaliza o impulso belicoso dos povos, assim extravasando tensões internacionais na arena pacífica dos esportes. Observe-se que quanto mais ativa uma nação no campo das disputas desportivas, menos envolvida costuma ser em confrontos belicosos.

O fato de que a maior parte dos países que participam de competições olímpicas de modo mais qualificado, digamos assim, serem também as sociedades mais organizadas, democráticas e desenvolvidas do mundo, não implicaria também serem menos guerreiras? Ou seja: o participarem dos jogos com valor não seria um efeito de serem menos guerreiros e não uma causa?

A questão é por demais complexa, muito embora, seu raciocínio também tenha fundamento. Nenhum fator, porém, em caráter exclusivo, fomenta um evento de proporções gigantescas, globais, como as Olimpíadas dos Tempos Modernos. Para dar um exemplo, os Estados Unidos são a expressão máxima de sociedade avançada, em termos mundanos, participa gloriosamente das Olimpíadas, mas, mesmo assim, eis que está sempre presente também, em manifestações de agressividade em campo de batalha, muitas vezes tomando a iniciativa do primeiro ataque. Portanto, pelas exceções também conhecemos o princípio. É necessário haver uma válvula de escape coletiva para as energias agressivas represadas. Os jogos de futebol, por exemplo, acompanhados nos Estados Unidos e no Brasil (cada um em sua modalidade diferente), por milhões de homens “enfurecidos”, bem denota isso. Diversos campeonatos por ano funcionam como espécies de drenadouros de concentrações de violência. Imaginemos se, ainda com tais válvulas de concentrações psíquicas deletérias, os americanos são tão agressivos, como não seriam se não houvesse tais recursos moderadores da agressividade?…

Certo. Então, no que diz respeito às Copas do Mundo, o raciocínio, para avaliar sua finalidade superior, seria idêntico, não?

Sim. E observe-se que, estrategicamente, foram posicionadas em espaços intercalados de dois anos, muito embora cada um dos eventos aconteça quadrianualmente.

Creio que, com segurança, possa afirmar que os idealizadores ou organizadores de cada evento, ao estabelecer essa periodicidade, não estavam pensando nisto…

Sim, mas foram inspirados neste sentido, muito embora suas motivações conscientes parecessem, para eles, outras, como, digamos, descansar a multidão da propaganda do evento anterior, a fim de ter mais efeito com o novo. Muitas das ocorrências no plano físico se dão dessa forma: as motivações dos envolvidos encarnados são, amiúde, bem diferentes das geratrizes originais, no Plano Superior de Vida. As paixões, os interesses mesquinhos e toda sorte de baixezas humanas costumam ser aproveitados, para que grandes eventos ocorram, em função do bem comum. Obviamente que, sendo possível, ideais superiores são inspirados. Mas, como se sabe, os maiores avanços da humanidade, em matéria de prosperidade material e mesmo avanço tecno-científico não foram motivados por impulsos beneméritos, mas, freqüentemente, por gana de poder, riquezas e paixões subalternas.

Mais algo a dizer?

Sim, que assim como coletividades têm seus vazadouros de energia represada, indivíduos também os devem ter, a fim de não padecerem de intoxicações psíquicas decorrentes das próprias constipações energéticas. Quando se sofre das curiosas distonias mentais oriundas desses represamentos energéticos destrutivos, quase sempre se reputa o mal estar a causas externas, porque o indivíduo estará muito sensível, irascível, intempestivo. Todavia, se estudasse a fundo sua situação íntima, perceber-se-ia suceptível demais e não propriamente agredido demais. Entretanto, quem é ou está muito melindroso, dificilmente se percebe como tal.

Teria alguma sugestão para essas pessoas?

Já me disse, indiretamente, favorável à prática dos esportes, para os aficionados dessa modalidade de interação humana. Os desportos serão interessantes principalmente para os mais ativos, como homens exageradamente agressivos e sexuais. Mas um hobbie, uma atividade de lazer em família, um instante de relaxamento podem ter o mesmo efeito. Tudo depende do temperamento e das circunstâncias de vida de cada um. Não se tendo uma alternativa óbvia à frente, devem ser tentadas várias opções, até que se encontre uma ou um conjunto delas, que oportunizem um estado de espírito mais tranqüilo e centrado.

Você fez uma vinculação entre energia sexual e agressiva e ainda associou a ocorrência aos homens. Pode falar mais algo sobre isso?

O corpo masculino e sua própria psique, por razões funcionais de sua polaridade psicossexual, são muito mais tendentes à agressividade e à sexualidade, já que ambas representam a energia do corpo e da exterioridade, ao passo que as mulheres, por sua conformação bio-psíquica, são mais voltadas às atividades do espírito e às interiores, favoráveis à maternidade, para que foram programadas pela natureza. Obviamente, fatores culturais ainda concorrem para intensificar tais predisposições. Considerando os aspectos mais grosseiramente materiais, além de a estrutura cerebral masculina ser mais propensa aos surtos de fúria [vide estudo da amídala cerebral, por exemplo (*)], alguns homens sofrem de uma superprodução de testosterona, que lhes inunda a corrente sangüínea e pode deixá-los elétricos (no pior sentido): inquietos, irritadiços e extremamente sexuais. Essa energia precisa encontrar um meio de ser extravasada, ou “explodirá” de algum modo. Como esse sistema masculino endócrino-cerebral fomentador da agressividade-sexualidade é voltado para o físico e o externo, os desportos são magnificamente apropriados para lhes desgastar um pouco do excesso de energia. Os homens padecem um dilema em sociedades civilizadas: foram psíquica e fisiologicamente projetados para viver em situações rudes de perigo, confronto, luta pela vida, em um ambiente hostil, selvagem, e seu sistema orgânico e psicológico, agora, precisa viver em ambientes calmos, democráticos e sofisticados (em cotejo com o ambiente da selva). A mulher, projetada para a delicadeza da função maternal, adapta-se mais facilmente a viver num universo de embates verbais (e não mais físicos) de trabalho eletrônico e intelectual (e não muscular).

Muito interessante, Eugênia. Mais algo a dizer?

Não, satisfeita.

(Diálogo travado em 29 de agosto de 2004.)

(*) A amídala cerebral, região neurofisiológica relacionada a funções emocionais de reação, é mais sofisticada, digamos assim, nas mulheres, levando-as a, em situações críticas, extravasar seu estresse corando, chorando ou falando freneticamente. Nos homens, o mesmo aparelho neural propele-os para embates físicos, muito embora quase todos, em sociedade, combatam tal impulso, a fim de não viverem aos tapas e socos, uns com os outros, como, por sinal, era comum em tempos não tão idos de nossas sociedades ainda pouco desenvolvidas. Os “mocinhos” e “heróis”, até hoje, no cinema, costumam ser bem dispostos à pancadaria (quando não à matança), e os homens costumam se deliciar (projeção psicológica) com essas cenas, que parecem tão rudes para as mulheres (por elas não portarem tal configuração encefálica).

(Nota do Médium)