Benjamin Teixeira,
em diálogo com o
Espírito Eugênia.

(Benjamin Teixeira) – Querida Eugênia, na palestra da semana passada falei algo, sob Sua inspiração e de Seu Grupo de professores, sobre que gostaria de consultá-l’A: o fato de o ser humano ser “manhoso” por natureza. Você desejaria fazer algum apontamento a esse respeito?

(Espírito Eugênia) – Sim, meu filho; a provocação é inteligente e convém aproveitarmo-la, já que sempre estamos prontos, na condição de seres humanos, a condenar terceiros, mas muito tardos em perceber nossas próprias limitações. Dizemo-lo assim, porque, inclusive, você apresentou a assertiva em forma de indagação filosofal, que pode soar hilária, pelo tema, trágico pelas implicações de realismo sofrido que lhe subjazem: “Quem é manhoso?” E respondeu você mesmo: “90% da humanidade”. Faríamos um ajuste na afirmativa: deveria ter afirmado “TODA a humanidade” – seria a nossa ressalva –, já que as artimanhas de justificar o que não se pode pretextar e de fugir à responsabilidade pelos próprios atos constituem um processo natural do ego, e raras criaturas na Terra estão dispostas a facear seus egos, plena e profundamente. E, como é demasiado doloroso admitir conscientemente que se frauda, para escapar das consequências pelo que se fez, as pessoas lançam seus autoengodos para o inconsciente. Eis então que surge o paradoxo segundo o qual indivíduos considerados exageradamente “desbocados” ou “estabanados” podem estar muito mais próximos da angelitude, ou da santidade, ou da iluminação – como se queira denominar o processo de transcendência do nível humano de consciência –, do que aquelas criaturas mais convencionais e cumpridoras da moral vigente, por uma razão muito simples: é conveniente e inteligente respeitar a moral dominante. Em sua esmagadora maioria, as pessoas ditas “decentes”, que adotam determinado conjunto de comportamentos (por conveniência, não por consciência), mesmo aquelas que se dizem heróicas, na firmeza em segui-los até a morte, mudá-los-iam num piscar de olhos, se soubessem, sem espaço a dúvidas, que a maior parte da sociedade e a moral corrente das elites dominantes esperam algo diferente delas. Por isso Jesus fez a ousadíssima afirmação de que meretrizes e homens públicos desonestos entrariam no “Reino dos Céus” antes que religiosos convencionais (representados na figura de Seus discípulos, a quem o Mestre se dirigira, neste episódio narrado nos Evangelhos)… Muito sério, hein? Isso nos deve inspirar profundas reflexões, para que nos ajustemos melhor, e encontremos um nível mais apropriado de compasso com nossas reais aspirações de felicidade. Estariam essas personalidades atreitas à servidão, no que concerne ao interesse das massas espoliadoras delas mesmas? (Dissemos massas que exploram massas, porque as tais “elites” que definem a moral comum não existem de fato – utilizamos o conceito apenas para facilitar o entendimento de questão altamente complexa. É o conspiracionismo pueril do ego que se apraz com a ideia de senhores engravatados reunidos num palacete ocluso, para decidir os destinos da humanidade, muito embora, aqui ou ali, semelhantes fenômenos aconteçam, como no que tange a reuniões de cúpula internacionais, mas não no que se refere a questões morais, sociais, psicológicas, culturais e de costumes.) Ou deveríamos entender que nossa felicidade reside em atendermos à nossa verdadeira natureza, às aspirações mais altas de nosso espírito, de nosso ideal?

Para encerrar, importante destacar, neste mecanismo de autoludíbrio que se acumplicia com a conveniência da maioria, de modo covarde e preguiçoso, a função do inconsciente, pois que, de ordinário, é por força dos automatismos neuropsicológicos que os indivíduos agem, como podemos asseverar categoricamente, sem medo de errar, com base no que afirmam todas as escolas de psicologia e psicanálise, bem como a psiquiatria e as neurociências (mais ainda). Ou reconhecemos que nós mesmos e os demais irmãos em humanidade agimos em função dos vetores mentais imersos no próprio inconsciente, ou nos tornaremos, quais aqueles tidos como mais “experientes”, mas ignorantes em funcionamento da psique humana, cruel e irremissivelmente pessimistas e cínicos quanto à índole do ser humano e ao fatalismo autodestrutivo de seu destino.

Não negamos o realismo das conclusões e descobertas desses senhores mais amargos. A questão é que consideramos que, além do mal, existe também em semente a tendência à benevolência e à autotranscendência, que, com o passar dos séculos, mais e mais desperta-se na espécie humana em nosso orbe, como uma mui breve passada de olhos sobre nossa história o revela, em termos de infinitos ganhos sociais, jurídicos e mesmo de benefícios e benesses materiais que cobrem expressivo percentual das sociedades no globo.

Nos próximos decênios e, em particular, nos séculos vindouros, inclusive por necessidade de sobrevivência, assistiremos ao eclodir de um movimento de universalização das conquistas evolutivas sociais e pós-industriais, por toda a comunidade humana no orbe, assim como ao surgimento, por fim, de uma nova era de fraternidade e paz, bem-aventurança e serviço humanitário, pela Terra inteira, para todo o sempre, em sucessivos patamares de perfeição e ventura…

(Diálogo travado em 27 de dezembro de 2009.)


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