Benjamin Teixeira
pelo espírito
Eugênia.

Eugênia, há algo que nos possa falar sobre amor do próximo?

Sim, que o próximo mais próximo é o si mesmo. Portanto, ao Jesus dizer: “Amar ao próximo como a si mesmo”, como regra fundamental de espiritualidade, fazia alusão direta à necessidade do zelo de si, da auto-estima, do auto-respeito, do auto-cuidado.

Por onde devemos começar, nesse sentido?

Pela atenção com a alma. Oração diária, convívio com Deus, Seus representantes, cultos religiosos, rituais místicos, métodos mediúnicos e, por fim, prática da caridade, da auto-melhoria, o exercício do bem. Tudo que concerne à transcendência deve ter caráter de prioridade máxima em nossas vidas. Não por acaso disse também Jesus: “Buscai primeiramente o Reino dos Céus e Sua Justiça e o demais se vos acrescentará”. O grande equívoco, no que trata ao cuidar de si, é que a maioria esmagadora das pessoas entende como cuidar do ego e do corpo. Cuidar do ego é egoísmo, cuidar de si é cuidar da alma eterna, que tem premências espirituais, e que, muito embora tenha necessidades de sobrevivência no mundo físico, tem, como valores e aspirações precípuas, o alimento espiritual do amor, do propósito, da vocação, da paz, da felicidade.

Realmente, creio que quase ninguém vê dessa forma.

Fala-se em cuidar de si e logo as pessoas pensam em dietas, sessões de ginástica e cirurgias plásticas. Também em sexo, férias longas, compras de roupas novas, carros ou casas maiores, bem como dizer desaforos às pessoas, em nome da não opressão da raiva. Esquecem-se do fundamental: o espírito que não morrerá que são, e dão larga expressão à criança interior que deve amadurecer para se tornar o ancião sábio em que deve despertar em todas as criaturas humanas.

Sugere algo em particular?

Um estudo detido sobre a impermanência de todas as coisas. Onde estão as mega-estrelas de Hollywood do início do século, aquelas mesmas cuja beleza e juventude pareciam eternas? Onde estão os maiores conquistadores da humanidade – Alexandre Magno, Napoleão ou Hitler? O que aconteceu aos magnatas de antanho – Rockefeller, Matarazzo ou Ford? Todos viraram pó e notas de roda-pé em livros pouco consultados.
Por outro lado, onde está aquele ente querido que desencarnou, ou o almoço de ontem, ou o orgasmo que se teve na noite anterior? Foram-se… com o vento e o tempo, para um mergulho espetacular no nada…
Se o ser humano não é mais que o corpo, não é nada.

Muita gente acha isso comentário de “mau-gosto”… e prefere continuar “curtindo a vida”.

Para a criança na alfabetização, falar de escola também é muito desagradável, e ela preferiria se iludir que as férias escolares não terminariam, que nunca mais precisaria voltar a estudar, que a vida seria uma eterna brincadeira. Se alguém pensa assim, terá que sofrer, inapelavelmente, grandes e devastadoras desilusões, para amadurecer e crescer.

Mais algo a dizer sobre o assunto?

Não, satisfeita. Mas gostaria de deixar uma última interrogação para o prezado internauta: se você não sobreviver à morte de seu corpo, para que viver, lutar, sofrer, sonhar, amar e morrer? Faria isso realmente algum sentido? O universo teria algum propósito? Poder-se-ia conceber o conceito de um Ser Todo-Amor e Justiça? Essa é a resposta fundamental, para a indagação essencial. Sem ela, nada mais faz sentido.

(Diálogo travado em 7 de abril de 2003.)

(*) Hoje, 7 de abril, é o 1970o aniversário de morte de Jesus, que foi crucificado no ano 33. Não se sabe dia, mês ou ano do nascimento do Cristo, mas a data de sua morte é certa. Assim como sua “ressurreição”, que teria acontecido no dia 9 de abril de 33. Interessante Eugênia tratar do tema imortalidade da alma hoje.

(Nota do Médium)