Benjamin Teixeira
pelo espírito Eugênia.

Eugênia, há uma coincidência histórica curiosa, do meu ponto de vista, sobre que gostaria de obter sua opinião, se possível, se julgar sensato expender algum conceito em torno de. No dia 13 de maio, dois grandes eventos são lembrados no Brasil: a Abolição da Escravatura e a primeira aparição da Mãe Sagrada, em Fátima, Portugal, eventos ocorridos respectivamente em 1888 e 1917. Existe algum motivo simbólico para isto?

Embora a mente esclarecida deva se precatar para os excessos de misticismo, querendo dizer: de superstição e elação espiritual delirante, a leitura de sinais desta natureza, respeitadas tais ponderações do bom senso, é justa e razoável. Os dois eventos, se observarmos com cuidado, têm figuras femininas como epicentro, no Brasil com a augusta princesa Isabel, subscrevendo a própria perda da coroa, voluntariamente, a fim de beneficiar a legião de africanos e seus descendentes no Brasil; e, em Portugal, a dupla Lúcia-Maria, o “puer” e o “senex”, a “criança inocente” e a “anciã sábia”, um binômio arquetípico bem conhecido, a denunciarem, em ambos acontecimentos históricos, a ascese do Feminino no inconsciente coletivo.

Isto foi provocado, propositalmente, pela Espiritualidade Superior? Maria teria aparecido em 13 de maio, com a intenção de promover tal “coincidência”?

Não. Trata-se de fenômeno incluso no capítulo das sincronicidades, de eventos com relação não-causal, mas sincrônicos e significativos nesta sincronia – no caso, uma sincronia “latu senso”, por se tratar, em verdade, de um ciclo repetido, uma data que se repete e não propriamente de ocorrências a se darem simultaneamente.

Mais algo você poderia apresentar como sincronístico entre estas duas datas histórias?

Isabel, a princesa regente; e Maria, a Conselheira-Deliberatriz-Mor do planeta funcionaram, nas supracitadas ocasiões históricas, como personalidades-libertadoras. Isabel libertando a pátria brasileira do jugo iníquo da escravidão negra, que ensombrava de vergonha e horror as terras tupiniquins; e Maria libertando a humanidade do terror inigualável do materialismo, com todos os seus corolários periculosíssimos, de ordem política, social e cultural, pondo mesmo em risco a sobrevivência da espécie.

Algo para nós implicado em tudo isto?

Refletir na necessidade de todos nos colocarmos sob as ordens de nossas almas, a “anima”, a flama do ideal, a voz da consciência e da vocação, da intuição e da sabedoria, voz transcendente esta a nos libertar de todos os jugos da inconsciência, da irresponsabilidade, do descaso e do desespero. Somente em pondo o espiritual a reger o racional, encontraremos a plenitude, e é esta a mensagem última, subliminar, nestes dois acontecimentos históricos de magna importância – um para a nação brasileira, outro para a humanidade inteira.

(Diálogo travado em 15 de maio de 2005.)