Benjamin Teixeira
por
espíritos incógnitos.

Vocês querem provocar algum tema?

Falamos sobre tristeza outro dia. Agora, queremos falar sobre depressão.

Diferente?

Ô, sim, muito. A tristeza, em leves estados, com freqüência razoável, como baixa da alegria, é fenômeno natural da consciência. Mas quando a tristeza se faz crítica e/ou crônica, tem-se a depressão.

A depressão detona profundos estados de auto-violência, de raiva reprimida ou fuga completa da própria natureza, destino ou propósito de vida. Depressão, portanto, é tão grave como desespero, não raro uma e outro surgindo entrelaçados, por isso mesmo.

O que dizer ao deprimido?

Que ele padece de uma falta severa de Deus, e que, por isso, deve envidar todos os esforços por resolver essa sua necessidade profunda, satisfazendo-a ao seu gosto. Claro que isso não dispensará, em casos realmente graves, o recurso dos psicofármacos, já que as neurociências criaram muletas importantes, no nível dos neurotransmissores, a fim de realimentar os processos neurofisiológicos, rumo ao bem estar e à homeostase neuroquímica do cérebro, que reflete, somatizando, as problemáticas do espírito. Deve-se, porém, remontar às causas profundas, ou a questão nunca será resolvida.

Então, deve-se, basicamente, sugerir médico e religião ao paciente de depressão?

Psiquiatra e espiritualidade, para sermos mais precisos. As terapias não-medicamentosas serão um apêndice para os casos mais severos, que não prescindirão do uso de drogas provisoriamente, como dissemos acima, tanto quanto a religião pura e simples, convencionalmente falando, pode ser até prejudicial, se não se apropriar à natureza, complexidade e profundidade dos anseios do deprimido. Assim, Deus poderá ser encontrado não só por meio da prece e das atividades meditativas, mas também, de complemento, em uma corrente de pensamento que satisfaça aos reclamos existenciais do indivíduo, bem como em uma atividade filantrópica solidária que confira propósito e significado à vida da pessoa. A perda do sentido da vida é o maior promotor à depressão. Não é por outra razão que a etiologia dos estados de “transtorno da bipolaridade”ou “transtorno unipolar”, como hoje essa psicopatologia é denominada, antiga “psicose maníaco depressiva”, muito embora revele uma correlação entre seus surtos e a produção deficiente de certos neurotransmissores como a serotonina, não explica por que um cérebro produz mais a “molécula da felicidade”, num dado momento e menos em outro, ou porque um cérebro produz mais que outro. A causa está no espírito e seus problemas e aspirações por resolver a atender, respectivamente.

Mais algo a ser dito sobre o assunto?

Por ora não.

(Diálogo travado em 5 de julho de 2002.)

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