Benjamin Teixeira
por
espíritos incógnitos.

Que dizer àqueles que, fazendo um progresso substancial ou aprendendo uma importante lição, entristecem-se profundamente por erros anteriormente cometidos?

Que transformem a tristeza em trabalho ativo. Que se desculpem, já que, à época, não tinham o nível de consciência atual. E, em última análise, que aceitem humildemente o fardo das más lembranças, já que o orgulho é por essa forma trabalhado. Por fim, não deve haver preocupação profunda com o fato de se haver caído no passado: se a Divina Providência permitiu que tal acontecesse, é porque era para o bem dessa criatura e de todas aquelas que sofreram a influência do erro, ainda que indiretamente, pela experiência adquirida.

E se uma pessoa se sente paralisada de vergonha ou de culpa e resolve desistir de viver?

Ela, portanto, tem mais orgulho que consciência. Deve procurar afastar-se do sentido de auto-punição e entender que Deus é Amor Infinito, que sempre perdoa todas as suas criaturas e nunca fecha a porta ao arrependimento e à reparação. Que essa pessoa transforme suas lágrimas em suor, e que, assim, compense-se com o bem ao próximo o bem que julgue haja feito a outras pessoas no passado.

Mas não há daqueles que, ao reverso meramente do orgulho, são possuídos por terrível sensibilidade às conseqüências de seus equívocos, assim se martirizando por não se perdoarem de ter feito alguém sofrer ou ser menos feliz?

Sim. A esses está destinado um ponto a mais de progresso, já que denotam amor. Mas ainda assim ratificamos nossas palavras: deve a culpa ser transformada em trabalho ativo. Não adianta alguém se martirizar por antigos deslizes. Se Deus permitiu que eles ocorressem, foi para o bem de todos, de alguma forma, nem que pelo estímulo à ação benemérita, mais tarde, pelos próprios indivíduos com a consciência flamejante de culpa, seja por outros tantos, desejosos de que certos erros jamais tornem a ocorrer. Não é por outra razão que, em períodos de guerra, a humanidade evoluiu muito mais rapidamente que em fases de paz. Em alguns poucos anos de turbulência aprende-se muito mais do que em séculos de calmaria. O mesmo princípio vale para a vida pessoal: momentos amargos geram grandes progressos, se o indivíduo quiser se beneficiar com as lições ofertadas com a queda. Se não, a revolta pode ser devastadora. Eis por que o desespero nunca vale a pena: ele representa a renúncia ao bom senso, a tentar-se tirar algo de proveitoso do que se vive, de se lutar até o fim pelo bem.

Algo mais consideram importante dizer sobre o assunto?

Não. Mas reforçamos que nunca se perca de vista o Amor Divino, e que se compreenda que uma das conquistas básicas da vida é a fé, e que essa serena e irrestrita confiança no Senhor Supremo desenvolve-se, mormente, em momentos de intensa crise. Eis porque são tão salutares os maus momentos, que propiciam as maiores oportunidades de progresso para o espírito. Que aqueles que se encontram em “maus lençóis” agradeçam a Deus pelo momento difícil e sorriam pela graça de poderem evoluir mais rapidamente e, dessarte, evitar dores muito maiores e mais demoradas, num futuro talvez bem próximo.

(Diálogo travado em 11 de junho de 2002.)