Benjamin Teixeira
pelo espírito (que se identifica no texto)

Boa noite.

Boa.

Qual seu nome?

Estou proibido de entrar em detalhes sobre minha identidade.

Sexo, profissão, algo que possa nos dar uma idéia do que você foi quando encarnado?

Homem, empresário, casado, com filhos.

Para que melhor situemos seu estado de surpresa no além-túmulo, permito-me perguntar uma intimidade: foi homem rico e prestigiado?

Sim. Não muito; mas, para os padrões brasileiros, sim, posso dizer que era rico e importante.

Tem alguma mensagem em particular a comunicar?

Não, mas posso falar sobre minha visão do espiritual, de quando encarnado.

Às ordens.

Achava tudo isso baboseira de gente ignorante; ou, por outro lado, jogatina escusa de homens espertos e de mau-caráter.

Por quê?

Porque não entendia o objetivo das comunicações da espiritualidade no mundo físico. Minha mulher era espírita – tive esta bênção, que hoje talvez julgue maldição, porque desperdicei a oportunidade de despertar, hoje estando mais comprometido em espírito, justamente por causa disto. Julgava, por exemplo, que os espíritos deveriam me dar provas de que existiam, dar-me evidências suficientes para que eu abandonasse a idéia que fazia deles: de constituírem mero produto da crendice de minha esposa sensível e “supersticiosa”, como eu supunha que ela fosse. Achava-a muito mística (no mau sentido), que acreditava facilmente no que se lhe dizia; e reputava isto à sua condição feminina… sempre achei que as mulheres eram mais dadas a “estas coisas” que indicariam “miolo mole”, falta de lógica e de busca de fatos concretos, para as próprias avaliações de certo e errado. Foi isto. Hoje, sei que os espíritos, quando alinhados com a Vontade de Deus, não se comunicam para impressionar ninguém, e fazem questão de serem ouvidos apenas pelo poder de argumentação, pelo sensato de suas colocações, como, inclusive, tento fazer aqui. Ainda que eu quisesse dar provas mais cabais de minha identidade, seria proibido, como já dei a entender acima, pelas instâncias superiores de nossa hierarquia espiritual – aqui tudo é muito disciplinado, nada desta baderna que há em nosso país, no plano físico. Além disto, hoje também sei – pedem-me agora que diga isto a vocês: – que há limitações nas faculdades mediúnicas da maior parte dos médiuns ativos que devem ser respeitadas. Por serem basicamente telepatas, muitos deles têm dificuldade em receber dados precisos, como datas, lugares, nomes.

Que bom que tenha vindo falar conosco. Há algum motivo maior, da parte dos orientadores espirituais, para que você venha neste momento se comunicar, e, por outro lado, de você ter sido escolhido para isto?

Sim, sou ligado a pessoa próxima a você, mas, lamentavelmente, sou proibido de lhe dizer quem é. Além do quê, sou grato por esta oportunidade, pois que fui socorrido pelos mentores espirituais do projeto Salto Quântico, graças às intercessões que minha filha fez, orando a Eugênia por mim. Por isto, acabei sob a guarda do grande anjo-gênio que nos orienta e a muitos milhões.

Vejo que já gosta muito de Eugênia.

Como não? Alguns vêm como histéricas e infantis certas manifestações de apreço a esses grandes espíritos sob tutela de quem, em nome de Deus, estamos. Do lado de cá, porém, damos valor a quem realmente merece e tem valor, porque não há como esconder a própria condição espiritual por aqui. Orientadora do Estado de Sergipe e da nação brasileira, é Ela um dos mais elevados espíritos, atualmente em comunicação com o plano físico de vida, componente da famosa, como aqui vamos chamar: “Escola da Sabedoria”, uma espécie de organização das mais altas esferas dirigentes do planeta. Esta instituição é responsável pelos grandes movimentos científicos, culturais e filosóficos (incluindo os religiosos) que se desdobram no plano material, visando à evolução da humanidade terrena. Ter algum tipo de relação direta com Ela é uma honra e mesmo diria um grande privilégio, porque, assim, aprendemos mais em menos tempo. Não por outra razão, quem se põe sob sua orientação, e segue-a com fidelidade, evolui rapidamente.

Fiquei curioso sobre você. Está desencarnado há muito tempo?

Se precisar esta informação, não será difícil me identificar. Desculpe-me.

Não tem de quê. Terá permissão para voltar a se comunicar conosco? Gostaria que me falasse alguma coisa mais de você. Deixasse um pseudônimo, ao menos, para que pudesse invocá-lo… o que fosse.

Chame-me de “Irmão Penetra”, pois que é assim que me sinto no meio de um cortejo de seres luminosos de alta categoria evolutiva. Vim aqui, todavia, exatamente por ter grandes afinidades com aqueles a quem me dirijo. Reforço o que disse acima: não se deixem enganar pela modéstia e humildade de Eugênia, sua fraseologia despretensiosa, seu didatismo ímpar, que podem ser confundidos com simploriedade de conteúdo. Ouçam-na com muita atenção e fervor. Minha consciência pede para dizer isto a vocês, com estas palavras enfáticas, porque Ela representa o próprio governo do mundo, as falanges de Jesus e, principalmente, de Maria.

Você tem bom humor. Que alcunha! “Irmão Penetra”! Entretanto, achei muito auto-depreciativo. Tem certeza de que quer fazer-se lembrar com este apelido?

Sim.

Obrigado pelas palavras sobre Eugênia. Você não é o primeiro bom espírito a falar isto sobre Ela. Por outro lado, a profundidade de sentimentos e a sabedoria dela não deixam dúvidas a isto, sempre aberta, contudo, como todo espírito sábio, a ser questionada, o que amiúde tenho feito no correr destes anos de convívio com psíquico com Ela.

Às vezes, um pouco de humildade e de juízo é bom. Questionar é correto, até certo ponto. Ultrapassada esta barreira, que o bom-senso define, trata-se de teimosia e estultícia.

Agora é você quem me deixa corado.

Estou falando como amigo.

Sei disto, obrigado. Apenas pretendo manter o crivo crítico da lógica, neste universo perigoso das relações mediúnicas: oração e senso crítico, sempre!

Compreendo, muito justo. Mas não se exceda nos questionamentos.

Obrigado, vou levar em conta sua sugestão. Quer mais algo nos dizer?

Não, meu tempo se esgotou, inclusive, para este fim. O Pe. Gustavo me conduzirá à reunião mediúnica de vocês, agora (*). Recebi permissão para acompanhá-los lá hoje.

Seja bem-vindo.

Fiquem todos vocês com Deus.

Você também.

(Diálogo travado em 21 de junho de 2005.)

(*) Reunião mediúnica fechada de que participo e que dirijo, em sua contraparte da dimensão física, todas as terças-feiras. O título “padre” que foi anteposto ao nome de Gustavo Henrique, um dos diretores desencarnados desta nossa reunião, é uma deferência respeitosa à sua condição de religioso celibatário (entre os desencarnados há os que mantêm relacionamentos conjugais) e em consideração às suas numerosas reencarnações como sacerdote católico.

(Nota do médium)