Benjamin de Aguiar,
pelo Espírito Irmão Lukas
Contempla o pomicultor experiente e seguro. Conquanto, aqui ou ali, erradique e queime ervas daninhas, esmera-se em podar, adubar e irrigar, quando não apela para estufas, herbicidas e outros recursos de socorro, como cultivos paralelos d’outras espécies vegetais, que sustentem as plantações que sabe promissoras à frutificação. Não é diferente o que faz o mestre consciencioso e perspicaz, com os discípulos que conduz a certo âmbito do saber; nem os pais justos e amorosos fogem à regra.
Todos eles sabem confiar no tempo e nas forças autorreguladoras, resilientes e autotranscendentes, vocacionadas, por Ditame Divino, à evolução das criaturas, pessoas e comunidades. Ou isso, ou se inviabiliza a educação (formal ou não) e a criação (de filhos biológicos ou não). Suporta, com paciência, amigo(a), os desmandos dos indivíduos com que te comprometeste, pelos sagrados elos do coração.
Estás sempre livre a tomares rumo diverso e romperes compromissos assumidos previamente. Entretanto, quanto te estejas ao alcance, releva a palavra impensada, o chiste menos polido, a atitude mais desairosa ou mesmo irresponsável, ofensiva e grosseira.
Deves (não só podes) ser enérgico(a), na defesa, educação e zelo pelo que ou por quem te foi confiado, pela Providência Divina, mas que a tua severidade jamais adquira as raízes da implacabilidade dos juízes draconianos, que facilmente nos remetem à imagem tenebrosa dos magistrados autoeleitos e pseudossábios que pululam não só na estância extrafísica de Vida, mas também no domínio das existências materiais – ou seja: o(a) cidadão(ã) comum encarnado(a), sempre prontos a execrar, condenar e mesmo executar sentenças amargas, sem cogitarem dos verbos tolerar, compreender e reerguer, esquecidos ou ignorantes de que a genuína punição tem função restauradora e civilizatória, de modo que nunca toma contornos de vindita pessoal ou castigo inapelável.
Revê teus pontos de vista, quando fores guindado(a) a posição de poder, ainda que “tão somente” nos recessos do lar, porque o(a) filhinho(a) na infância e na adolescência constitui-te dramática obrigação, perante as leis do mundo, de Deus e de tua própria consciência, como claramente detectarás pessoas, situações, funções ou compromissos que estão dentro da alçada de tua responsabilidade pessoal, se auscultares e escutares atentamente os reclamos mais subidos de tua alma, a dizer-te: suporta mais um tanto, levanta o(a) caído(a), retoma a tarefa de teu ideal, vive tua vocação de amor…
Segue os impulsos de teu coração, em suma!… Fazendo isso, logo distinguirás quando os complexos de vítima ou de manipulação de culpa intentam atingir-te, bem como te afastarás das hipnoses culturais e sociais, desde o nível basal (e mais primitivo) da parentela biológica, aos mais sutis e pouco percebidos (porquanto mais elaborados) como nocivos e mesmo diabólicos, tanto quanto os primeiros: os “deveres” para com a profissão, a religião ou a pátria. Foge do dogmatismo, do patriotismo e do apego à consanguinidade. Cuidado para não converteres preconceito em princípio de decência, ou, no extremo oposto, fazeres de vanguardismo uma porta escancarada à licenciosidade inconsequente e, mormente, sem coração, sem propósito, sem alma.
(Texto recebido em 08 de abril de 2011.)
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