(Não se abater com as dificuldades; fazer o bem, na medida do possível, quando não for viável na dimensão almejada.)

Benjamin Teixeira
e os espíritos
Eugênia e Irmã Brígida.

Conversávamos serenamente (numa busca conjunta de soluções práticas), sobre as dificuldades ingentes encontradiças no percurso existencial daqueles que se candidatam aos trabalhos do bem, com participação efetiva de todos os presentes, durante o almoço e enquanto sorvíamos a mais conhecida bebida nacional (o famoso cafezinho), quando o relógio nos convidou ao habitual culto em torno da Espiritualidade, conduzidos pelos amigos espirituais, que misericordiosamente nos amparam em nossos esforços de ascese.

Sorteada uma página de “Fonte Viva” (Emmanuel/Chico Xavier), surgiu-nos o capítulo 163: “Atendamos com Jesus”. Após a prece inicial, “O Livro dos Espíritos”, aberto ao acaso, ofertou-nos à reflexão a questão 141. E, por fim, compulsando-se “O Evangelho segundo o Espiritismo”, o item 8 do capítulo XVII encerrou o momento de leituras, com a fortíssima orientação: “Mais vale menos virtude na modéstia, do que muitas no orgulho. Foi pelo orgulho que as humanidades se perderam sucessivamente. É pela humildade que elas um dia deverão se redimir.”

A oração final estava ainda sendo proferida, quando uma doce voz feminina pediu-me o concurso da psicografia. Como não vi o espírito a quem pertencia a voz, apelei para a orientação de Eugênia, que, à distância, me informou tratar-se de Irmã Brígida, que grafaria, por meu intermédio, uma página de sugestões, em torno do que se havia palestrado no encontro fraterno, tecendo entrelaçamentos com os trechos lidos das obras clássicas.

Recebido o breve artigo confortador da freira desencarnada, a própria Eugênia passou a escrever, por minhas faculdades mediúnicas, missivas dirigidas a cada um dos presentes, mais uma vez – como sempre, nestas epístolas de tom pessoal –, tocando em assuntos que não eram de meu conhecimento.

Segue, abaixo, a poética exortação à persistência humilde, no serviço que a Divina Providência nos confiou, com que Irmã Brígida nos presenteou.

O que Está em teu Alcance.

Se não podes, como gostarias, oferecer a fonte inesgotável e cristalina aos viajores sedentos da vida, oferta um copo singelo d’água potável ao andante sequioso que cruza caminho contigo.

Se não te é possível, de pronto, iniciar obra gigante de benemerência, atendendo aos famintos do mundo, lança mão de um prato simples de comida e doa-o, generoso, ao companheiro de jornada desprovido do essencial a sobreviver que te renteia muito próximo a existência.

Se, na presente data, mostra-se de todo impraticável, na dimensão que colimavas, o projeto de luz que te embala o coração, na extensão do esclarecimento e do consolo a muitos, profere a palavra amiga ou abre ouvido sincero e amoroso, para aqueles que se fazem carecentes de uma partícula mínima de conhecimento ou de conforto moral.

É bem provável, companheiro, que demores muito tempo para conseguires materializar, na Terra, o teu sonho de Céu. Contudo, enquanto meditas nas circunstâncias difíceis a que te percebes jungido e te ajustas a elas, de modo realista e pragmático, faze, agora mesmo, o que está em teu alcance, pelo bem do próximo, ainda que muito diminuto e aparentemente insignificante te pareça a quota do imediatamente exeqüível, e o Senhor, em te notando o esforço legítimo e sacrificial, multiplicar-te-á os recursos e as possibilidades de agir santamente, em nome d’Ele.

Assim agindo, quem sabe (?), para menos tempo do que imagines, pode te ser propiciada a realização de parte de teus ideais de ventura.

A Irmã em Cristo,
Brígida.

(Texto composto em 20 de março de 2007. Revisão de Delano Mothé.)