Benjamin Teixeira
pelo espírito
Eugênia.

Se está com a consciência em culpa, leve sua alma a Jesus, e confie-lhe segredos do coração, transforme a queda numa oportunidade de renovação. Que sua dor moral de pesar, de arrependimento, faça-se promotora de crescimento, de compromisso em não tornar a incorrer na falta cometida.

Não se lamente pelo que passou. O que passou, passou. Agora, é hora de recomeçar. Anote, com cuidado, nos registros da memória, a sensação desagradável que ora o aturde e, em seguida, procure fixar na mente a determinação de não reincidir no erro.

Sim, sua tristeza é forte. Não gostaria de ter resvalado, mais uma vez, no paul em que já chafurdou outrora. Mas considere, apesar de sem pretender escusar-se do equívoco, que a experiência do erro renovou-lhe a conexão com Deus, fazendo-o sensibilizar-se novamente às questões do espírito, que morriam, levando-o a fortalecer suas propostas de espiritualização.

Depende de você tornar o dia de erro em grande oportunidade de acerto, de acertar os ponteiros de sua alma com a hora de sua evolução. Não permita que a culpa lhe venha a tisnar o cristal translúcido de sua consciência. Limpe-o com as lágrimas da devoção sincera e retome o curso de suas atividades, com a convicção de que, se somos fracos, Deus é maior e que, mais cedo ou mais tarde, através das Forças de Jesus, venceremos o mal, tal como Lázaro redivivo, retornando da tumba à vida.

Jesus acercava-se de gente de “má vida”e “má fama”, porque eram corações férteis à sementeira da verdade. Quem conhece a dor do desvio, sabe da necessidade do alinhamento com a Divina Vontade, a bênção da paz e o alívio de reabilitar-se ante a própria consciência. São, assim, almas sequiosas do bálsamo da esperança e da dádiva da fé. Humildes, reconhecem, com mais facilidade do que as que se julgam retas, sua limitação humana e aguardam, das Forças Divinas, a redenção que sabem não poder esperar de si mesmas. Fazem-se, em suma, receptáculos fáceis da Graça Divina.

Hoje, seu coração se confrange pela perda dos vínculos maiores com o Cristo. Talvez, todavia, seja justamente o reverso. Se percebeu o lodo de sua alma e lançou-se às águas límpidas da prece, para se lavar e, ao mesmo tempo, apresenta-se ao serviço de colaboração efetiva com o Senhor, está no caminho certo, e já pode se ter como no caminho da paz.

Faça da filosofia do esforço uma constante em sua vida. Lembre-se do lema contido em “O Evangelho segundo o Espiritismo”; “Reconhece-se o espírita por sua transformação moral e pelos esforços que faz por domar suas más inclinações”. Não foi dito, assim, que deveríamos domar as más inclinações, mas sim pelos esforços (que devem ser sinceros) de dominar a própria natureza que obviamente redundam em grande transformação moral do indivíduo. Eis que, portanto, é isso que a sua consciência e seus mentores, em nome de Deus, esperam de você; um empenho contínuo por fazer o seu máximo, e, pelas vibrações da paz, após a tempestade das tentações, saberá que venceu, ainda que relativamente, ante as probabilidades que lhe bafejavam o espírito, no momento específico de prova.

Soerga-se e siga em paz. A cruz do Cristo representa o momento ainda amargoso e conflito do ser humano na Terra; o angustiante dilema de ser espírito e matéria ao mesmo tempo, anjo e animal num mesmo ser.

Destarte, se você faz o seu melhor, ainda que não faça tudo que está no campo do seu ideal, esteja certo; ninguém lhe cobrará mais e os anjos está-lo-ão aplaudindo, pelos recessos profundos de sua consciência em paz.

(Texto recebido em 22 de dezembro de 2002.)