(Diálogo com o Espírito Eugênia.)

Benjamin Teixeira,
em diálogo com o espírito
 Eugênia.

(Benjamin) – Adorada Eugênia, estou sentindo que devo travar um diálogo com você sobre o tema da palestra de hoje, o badalado, ultimamente, tema das “Crianças Índigo e Cristal”.

(Eugênia) – Sim, devemos. Podemos começar agora mesmo.

(B) – Tem fundamento esta persistente coqueluche em torno deste assunto, em princípio com ares meio psicodélico e supersticioso: “Crianças Índigo” e “Crianças Cristal”?

(E) – Não resta sombra a dúvidas, meu filho, mesmo porque, no que tange aos resultados observados, por inúmeros estudiosos de critério profissional inconteste, em termos de índices de comportamento e valores, interesses e problemáticas percebidas, nas novas gerações – os nascidos da década de 1970 para cá –, não há como negar que se trata de um fenômeno internacional de vulto, muito embora as causas possam ser variadas, de acordo com a perspectiva acadêmica de cada autor. Rupert Sheldrake, biólogo, e Carl Jung, médico-psiquiatra, talvez especulassem tratar-se de ebulições dos “campos morfogenéticos” ou do “inconsciente coletivo” (respectivamente), em manifestações filogenéticas-comportamentais imperiosas, decorrentes de haver sido ultrapassada uma certa massa crítica psíquica de indivíduos de determinada espécie. Outros autores, adotando óticas mais sociológicas ou culturais, descobrirão motivos para tais ocorrências, em massa, na utilização esmagadora de mídia, entre outros fatores desencadeadores das características típicas da personalidade e conduta, valores e distúrbios da nova infância e juventude. Naturalmente, os reencarnacionistas e os que adotamos o prisma-informação da transmigração de espíritos, entre mundos, imediatamente identificamos uma etiologia mais complexa, embora sem negar as demais, supracitadas, que se fazem englobadas, neste item maior: o do aporte, em número vultoso, de contingentes populacionais de outras esferas, em nosso planeta.

(B) – Então, realmente, estas crianças de aura de coloração diversa pertencem a outro plano ou outro orbe?

(E) – Há algumas imprecisões e exageros. Mas, sem dúvida, existe uma legião expressiva de entidades aportando em nosso globo que não são oriundas propriamente da Terra. Ultrapassamos, com o “boom” populacional do século XX, o teto possível de espíritos a reencarnarem em corpos humanos provenientes tão-só de nosso planeta. Eis aí um motivo bem mais prosaico para o surgimento desta nova geração: demográfico (risos).

(B) – Detectei inúmeras tendências bem próprias de nossa Instituição e do perfil de valores e interesses de nosso grupo, o Instituto Salto Quântico, nos traços de personalidade das crianças índigo e cristal, sobremaneira no que diz respeito a quebrar sistemas sociais de preconceito e desamor, desrespeito à diferença e à individualidade, bem como a inclinação à sublevação à autoridade convencional não respaldada em autoridade moral. Teria algo a dizer sobre isso?

(E) – Sim. Nosso colégio de orientadores desencarnados fala para esta nova casta de almas mais amadurecidas, que afluem para nosso ambiente planetário. Por esta exata razão, nosso educandário causa tanto “escândalo” entre os que não compõem esta nova faixa de consciência, desejosos de perpetuarem antigos preconceitos, paradigmas e formas de ver o mundo inteiramente inapropriadas ao grau de complexidade atingido pela humanidade globalizada e multicultural dos dias que correm. Com o passar das décadas, à medida que a geração das denominadas “crianças índigo e cristal” atingirem fase adulta, acontecerá uma inversão do quadro ora observado na relação de nossa Instituição com a sociedade: estranho será seguir o código de regras, valores, idéias e sentimentos (na verdade repressão de sentimentos) concernentes ao padrão de moralidade e filosofia de vida propalado por religiões convencionais, incluindo o próprio meio espírita, na sua visão convencional do século XX. O conjunto de cristalizações abomináveis na temática sexual, para apenas dar um exemplo bem rudimentar, revela um retrocesso-recrudescimento dos delírios medievais, em plena era da superação de todas as barreiras, entre povos, culturas, raças, sexos, credos políticos ou religiosos. Somente de uma perspectiva de universalismo sem fronteiras, poderemos abraçar a possibilidade de sobrevivência de nossa civilização sobre a Terra. E o dogmatismo religioso, moralista e cultural, que colima controlar as pessoas pelo medo, pela castração e pela culpa, tem aspectos diabólicos potencialmente genocidas, como toda ordem de fanatismo sempre o revelou, atestado isso, inequivocamente, nos registros da História.

(B) – Nasci em 1970…

(E) – E você NÃO é uma delas. Embora haja um percentual minoritário, em sua geração, de crianças índigo, você pertence a um grupo diferente, hoje raro no planeta: os últimos remanescentes de Capela a reencarnarem na Terra. Acontece, nesta nossa função coletiva de conduzir a geração das crianças índigo e cristal, preparando-lhes o terreno à sua chegada, uma curiosa fraternidade intermundos. Nós, os que aportamos a este planeta, nos últimos magotes de capelinos “imigrantes”, estamos auxiliando os primeiros, de outra constelação, a se ajustarem neste orbe. Inúmeros amigos e pupilos nossos pertencem a esta categoria. Por outro lado, todavia, muitos são egressos do próprio grupo de espíritos que vem reencarnando e se desenvolvendo, há milênios, no próprio planeta Terra, nativos da sopa protéica original deste orbe, e que nos conhecem há muitos séculos, sendo por nós conduzidos, há vários evos, direta ou indiretamente, em sucessivos projetos encarnatórios e intermissivos. A questão é que a vibração diferenciada – que constitui, subliminarmente, um estofo de sentimentos, conceitos, prioridades de vida determinados – é o que caracteriza uma criança índigo ou cristal, e não o ser originário deste ou daquele corpo celeste. E muitos terrícolas nativos chegaram a este padrão de rebeldia lúcida e justa, com relação a abusos de poder e castração-manipulação das massas, desejosos de saltarem a outro nível de relacionamento interpessoal, a um sistema mais honesto, justo e humanitário de sociedade. Eles são, ainda, o maior grupo dos que nos seguem, por uma questão mais prática e de horizonte temporal: as crianças índigo que não provêm da Terra estão em idade muito baixa para freqüentar nossas preleções ou acompanhar nossas atividades de comunicação de massa, como as palestras televisadas. Já as há, mas compõem, ainda, um grupo minoritário. A partir da próxima década, todavia, este segmento crescerá exponencialmente, até um ápice que se estabilizará, em termos percentuais (percentual de terrícolas, em relação a não-terrícolas), por volta da quarta década deste século, os anos 2030. Importa considerar, entrementes, já que o assunto bem comporta inclusive esta ressalva, que não interessa d’onde sejamos oriundos (se de Capela, da Terra ou de Alcíone) – somos todos partícipes de uma mesma humanidade, o que foi dito, por sinal, de forma a mais dramática e profunda de todas, por Nosso Senhor Jesus, que não é nativo de nenhuma das três origens. Creio bem válido destacar este tópico, para não criarmos um sentimento de casta – semelhante ao assassino nacionalismo tribal dos dias atuais, no globo – também em relação aos que compõem este ou aquele grupo sideral de espíritos. O fato de os grupos se confundirem em corpos idênticos, quando reencarnados, é bem sintomático do quanto este assunto é secundário. O amor e a sabedoria (que viabiliza o desenvolvimento e aprofundamento deste amor) constituem tudo que mais precisamos não só saber, mas, principalmente, aplicar em nossas vidas.

(B) – Muito interessante, Eugênia. Quer falar mais alguma coisa?

(E) – Não. Satisfeitos estamos.

(B) – Você falou no plural.

(E) – Estamos em Conselho hoje, de modo mais acentuado. Matheus de Antioquia – capelino como nós – e Sêneca falam conosco, em comum acordo de pensamento.

(B) – Sêneca… você pareceu excluí-lo do grupo, compreendi corretamente? Ele não é um capelino?

(E) – Não. Terrícola, apesar de nos nivelar em nível de consciência. Alma componente das primeiras falanges de seres humanos do globo terrestre, tal qual José, esposo de Maria Santíssima.

(B) – Desculpe mudar radicalmente de assunto, por associação feita agora com José. Há uma informação, na literatura espírita clássica (mas muito confiável, por provir de Chico Xavier), de que Jesus recebeu o ministério de criar a Terra e de que Maria seria capelina. Você, porém, respeitável Eugênia, asseverou-nos ser Maria Santíssima o maior Buda dos que encarnaram no nosso planeta, superior mesmo ao Cristo Jesus. Poderia nos dirimir a relativa confusão gerada por estas afirmativas aparentemente conflitantes?

(E) – Jesus convidou Maria, um dos Cristos de Capela, a descer com Seu grupo, a nosso orbe, de molde a, aportando em nosso planeta, junto com Ele, fazer pressão vibratória em torno de nossa esfera sideral, com o fito de reverter o quadro apocalíptico que estaria para ocorrer nos dias de hoje, se Eles Dois, juntos, não houvessem mergulhado no plano físico de Vida, há vinte séculos. O Grupo de Capela, liderado por Maria, de fato, foi responsável pela salvação do globo terreno, encarnando em massa, em passado pré-histórico; e, mais pontualmente, como grandes missionários das artes, das ciências, da filosofia, da religião, do jornalismo, da educação. Leonardo Da Vinci, Allan Kardec, René Descartes, são alguns exemplos destes últimos remanescentes de Capela, encarnando em cada vez menor número, algumas pouquíssimas dezenas atualmente.

(B) – Nem todos geniais.

(E) – Sim, nem todos geniais; como também nem todos célebres. Houve e ainda há os que laboram no anonimato – raríssimos, mas figadalmente importantes nos efeitos de seus trabalhos de escol. São figuras enclausuradas, em longas meditações e preces, auxiliando na manutenção vibratória do globo, no mais alto nível que eles possam favorecer esteja, a fim de evitar a auto-extinção da espécie humana. Cumprem importantíssimo ministério, em suas longas estadas sobre o orbe. Lúcia dos Santos foi uma destas entidades, com quase 100 anos de vida física, na clausura salvadora da Terra inteira, colaborando para evitar o Armagedon nuclear, que tão próximo de acontecer esteve, no transcurso da última metade do século XX, em vários episódios críticos, como o da Crise dos Mísseis de Cuba, de 1961.

(B) – Desculpe prolongar o tema. É fascinante.

(E) – Não foi por acaso. Inspiramo-lo, neste sentido. Provocação de Sêneca.

(B) – Agradecido.

(Eugênia esmaeceu-se à minha psicovidência, num sereno sorriso, bem típico dela, neste ponto.)
(Diálogo travado em 28 de dezembro de 2008. Revisão de Delano Mothé.)