Benjamin Teixeira
pelo espírito
Eugênia.

Semírames era jovem linda e encantadora. Mas seu coração nobre levou-a a escolher a renúncia às alegrias pessoais, para melhor balsamizar as dores alheias. Ouvi-a dizer-me, em prece, que não poderia casar, nem ter filhos, para melhor poder se dedicar ao crescimento de sua obra de amor, pelos menos favorecidos do mundo.

Fitei-a triste, mas resolvi intervir em seu favor. Alma sensível de mulher, sabia-a carente de um ombro amigo, e resolvi lhe conceder a presença de alguém especial perto de si, ao menos para os anos da maturidade e da velhice, ainda que não contasse com a expressão do sexo ou dos liames íntimos do matrimônio.

Assim, enviei-lhe um espírito a que se enlaçara, séculos sucessivos, pelos elos sagrados do coração, na condição de filho amantíssimo, que lhe veio ao coração, pelas vias da adoção. Hoje, é jovem promissor que lhe ajuda na obra de caridade indiscriminada, que acabou de se casar, e mora, junto à sua mãe e sua esposa, no lar cercado de filhinhos risonhos, os netinhos que tanta minha amada pupila mereceria ter… e hoje tem, além dos inúmeros outros, às centenas, que ela soube nutrir, com a linfa inesgotável de seu coração de mãe da humanidade…

Às vezes, a provação existe e é inexorável, mas a misericórdia divina sabe criar compensações, para aqueles que sabem ver e ser gratos.

(Texto recebido em 26 de agosto de 2004.)