Nem toda celebração é alegre, mas sempre constitui um rito de passagem prenhe de significados e exortações ao aprendizado e à realização de indivíduos e comunidades, a começar da reflexão em torno de identidade e propósito.

Nessa acepção ampla, mesmo um velório consiste em uma comemoração, que de ordinário é impregnada de tristeza e odor de tragédia, conquanto devesse, para partidários(as) da tese imortalista, ser marcada de entusiasmo pela libertação do(a) falecido(a) que, tendo boa índole e boa conduta, passa a um domínio mais feliz da realidade humana.

Observe-se o transe dolorido da menarca ou da adolescência como um todo, para ambos os gêneros, seja para pessoas cis ou trans, não importando sua orientação sexual. Toda mudança representa morte de situações, mas também renascimento em contextos de oportunidades diferentes de experiência e crescimento.

Que amadureçamos e nos deslindemos do imediatismo infantil e primário dos folguedos momentâneos, para que possamos honrar as lições e os estímulos que a dificuldade e mesmo o sofrimento contêm em seu bojo, favorecendo assim, com uma atitude mais lúcida e realista de aceitação dessa contraparte inevitável da existência, uma assimilação mais rápida, profunda e, paradoxalmente, menos dolorosa dos tesouros evolutivos implicados nos períodos e aspectos menos felizes da vida.

Benjamin Teixeira de Aguiar (médium)
Eugênia-Aspásia (Espírito)
Bethel, CT, região metropolitana de Nova York, EUA
18 de novembro de 2020