Benjamin Teixeira
pelos Espíritos
Roberto Daniel
e Gustavo Henrique.


Olá, Amigo da Homossexualidade!

Abusaram-te na infância, quando buscavas amor e atenção.

Procuraste o regaço materno, e foste espancado, porque demonstraste tendências femininas.

Amiguinhos na escola te acusaram de aberração diante da normalidade, isolando-te dos folguedos naturais da idade.

Enlouquecido de dor, supondo-te à beira do precipício da loucura, antes mesmo que pudesses saber claramente quem eras e como te defenderes, procuraste o socorro da religião, como refúgio, conforto e salvação, e ouviste de religiosos e textos ditos sagrados que eras uma abominação ante Deus, condenado a suplício eterno, num sofrimento que te disseram pior do que o que já sofrias… e para sempre…

Início da adolescência. Tens agora 12 anos. Eclode uma onda de pavor em teu coração, macerado por todos os lados, de um tal modo, que acordas com pesadelos horrendos, certa noite, um terror noturno de condenação eterna… Tua mãe aparece, novamente, em cena, e, em meio ao pânico máximo de tua alma, porque nem a Deus ensinaram-te que poderias recorrer, ouves dela, coração gelado de horror:

“Cala-te, mentiroso descontrolado, exibido sem vergonha, e segue de volta para a cama!”

A adolescência avança, tentas silenciar, quanto possível, os próprios sentimentos. Aprendes a agir com firmeza, copiando os rapazes, com quem convivias, para pareceres ou o que não eras: masculino. Desvias o olhar dos colegas atraentes, dissimulando as impressões íntimas. Vês que todos se consomem em conflitos que lhes parecem medonhos, e que, para tu, são quase risíveis, ante os teus, porque, enquanto eles sofrem o medo da rejeição, tua rejeição é certa, foi certa de sempre, da parte de todos: da família, da escola, da religião, da sociedade inteira, de Deus

16 anos. A dor é infinita e está-se tornando insuportável. Temes o pior, e corres para a mãe confidente mais uma vez: sentes-te à beira do colapso nervoso e desabafas: estás sentindo profunda tentação suicida, mas não dizes o motivo, é claro. Ninguém pode saber. Somente uma de tuas irmãs sabe, soube há apenas um ano, e te respondeu com ares de terror, lágrimas rolando pelas faces: “Pelo amor de Deus, diga que não é verdade!” Depois, concluindo: “Claro que não é verdade! Você não pode ser isso! Você está enganado!”. Felizmente, sabes que ela jamais te trairá a confiança, levando para a tumba o teu segredo…

Enquanto isso, percebeste que cresceste além do nível médio de maturidade. Percebeste outros gays mentirem, casarem-se com pessoas do sexo oposto, levarem vida dupla, ocultarem-se, camuflarem sua natureza. Notas alguns já completamente desatinados no escracho; outros ensimesmados e taciturnos, enigmáticos para a turba, muito óbvios para ti em suas “razões misteriosas” para a depressão e irascibilidade; e, por fim, neuróticos-suicidas, um terceiro grupo. Tu, porém, decidiste lutar por um lugar de dignidade, ação no Bem e na Verdade, ainda que uma réstia mínima que fosse, sob a luz Sol, sem esconderes quem eras, ainda que não o alardeasses, pelo impublicável que constituía a declaração pública de homossexualidade por aqueles dias, equivalente a uma suicida decretação de guerra, contra tudo e todos, num ambiente provinciano como o em que residias. Compreendeste todos, no entanto, sem condená-los. Por sinal, muitas vezes pensaste: “Será que eles não estariam certos? Para que lutar tanto por ser feliz? Seria isso plausível para nós… aberrações para os olhos do mundo?”

(Ela salvou uma França despedaçada por 100 anos de carnificina e dominação de uma pátria estrangeira. Mas, mesmo assim, Joana D’Arc, por sua natureza diferente – mulher, jovem, médium e gay – pagou o bem que fez a milhões, com a própria vida, queimada numa pira ardente. As fogueiras, hoje, apenas mudaram de natureza. Veladas, metafóricas, cínicas, mas religiosos e representantes dos poderes constituídos ainda se lançam contra gente que se assemelha, em nossos dias, ao grande general do Céu, a serviço de Deus e em socorro dos homens, que ouvia os Anjos e realizava coisas impossíveis… apenas porque estava em corpo de sexo inverso ao de sua natureza psicológica, de seu caráter espiritual.)

Venceste, todavia, galhardamente. Transformaste o pandemônio de tua biografia em um jardim de conforto, maturidade e esclarecimento para todo tipo de dor humana. Fazes bem mais do que se pode esperar de um ser humano normal… e…eis que vem a grande surpresa! Após tantas estações de provação, vês familiares ainda se voltando contra ti, porque disseste a eles mesmos, em momento de tentativa de resgate de um deles, o proibido: foste abusado, espancado, perseguido e desprezado, quando era para teres recebido apoio, ao menos dos que diziam amar-te e estarem na vida para proteger-te.

Agora, és dono de ti e de teus atos, amadureceste tanto, porque resististe à  tentação de ceder, à cultura do corpo, nas boites gays dos assumidos (e perdidos na promiscuidade hedonista e vazia), da camuflagem dos enrustidos de atividade clandestina (que enlouquecem os mesmos homofóbicos que os perseguiram, com contradições incompreensíveis), desistindo inclusive de dar a merecida resposta reativa aos que te viram como vilão, apenas porque frustraste as expectativas deles, que te queriam usar para os próprios fins, com desrespeito completo a teus sentimentos, tua pessoa, e tua tarefa ingente de, como um ser que foi colocado numa situação medonha, agir como herói, do início ao fim…

Poderias ter escolhido o cinismo, a degradação do escracho, como protesto a tanta indignidade que sofreste, mas, em vez disso, procuraste o Caminho da Luz, e te fizeste Mensageiro do Céu. Tens noção da dimensão de teu merecimento? Tens dimensão do incalculável erro em que incorrem, claro, enchendo-se de justificativas impretextáveis para a sua atitude contigo? E sabes por que, não é, amigo?

Quando precisaram de ti, souberam ser subservientes e amáveis. Agora, desdenham, porque julgam que podem fazer isso com a fonte d’onde receberam socorro, mesmo tendo-o maltratado, como primeiro movimento, antes do teu, de amor.

Deixa, amigo, que os cães ladrem à vontade. A caravana da Vontade de Deus, seguirá, mesmo assim, à revelia da loucura lupina destes sinistros mensageiros das trevas.

Eles, enlouquecidos, não sabem o que é ter sido gay desde o berço, numa sociedade que, de tão homofóbica, evitava até tratar do assunto, como se ele não existisse, porque cassado estava o direito à existência de todos os homossexuais que houvesse.

As fogueiras crepitaram alto, amigo, de sempre, lambendo—te as carnes d’alma! Tiveste o espírito incinerado sucessivas vezes, ano sobre ano. E, ano sobre ano, edificaste pisos sucessivos de felicidade, libertação e crescimento, para inumeráveis criaturas sofredoras e desorientadas, como tu mesmo foste outrora.

Ignora, então, agora, a labareda errática que te busca, sorrateira, dizendo-se incêndio que não é, e devolve, da grandeza viril que jamais os homens e mulheres-vermes que te perseguiram terão condições de compreender, o brado profético de tua alma, prenhe de paz de consciência, qual Jesus para a tentação diabólica no deserto:

“Cala-te Satanás! Retira-te, força do mal! Segue de volta para d’onde vieste e reduze-te à cinza que eras, que és!”

O Senhor está contigo, amigo, aplacando a fúria do mar do inconsciente coletivo que faz movimento de te sufocar, e, fica certo, parafraseando o Apóstolo Paulo, na Espístola a Romanos: Se Deus é por ti, quem, amigo, poderá estar contra tua pessoa?

Permanece em paz, e prossegue em tua Obra do Bem. Só acontece o que Deus permite, e o Senhor Supremo, como a Senhora do Universo zela por tua tranqüilidade e segurança. E ai daquele ou daquela, ser bravio e deplorável, que se colocar entre ti e a Obra que não é tua, mas d’Aquele-Aquela que realiza por teu intermédio, o socorro e a salvação de muitos… Como os que já foram consumidos e tragados pela goela sanguissedenta da desgraça, que eles mesmos trabalharam por merecer atrair… eles também serão eliminados, em tempo, de teus caminhos de Homem de Bem.

(Texto recebido em 6 de setembro de 2009.)


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