Benjamin Teixeira
pelo espírito
Eugênia.

Prezado amigo:

Você nos diz estar sobrecarregado de problemas com a esposa, atormentada pelas tenazes da obsessão. Você próprio se faz objeto de ataque insidioso no trabalho, com seus projetos malogrados na hora da concretização, bem como na vida do ideal, ruindo, muitas vezes, esgotado. A filhinha cobra-lhe atenção acentuada e você se preocupa com seu desenvolvimento, em meio a psicosfera tão conturbada, sentindo-se acuado, entre duas crianças no seio do lar.

Entrementes, gostaria de lhe perguntar e que me respondesse com a máxima sinceridade: tem agido, realmente, de modo correto? Você se diz e se sente um homem de bem. Por dentro, sente-se um exemplo de honradez e dignidade, estranhando que o mundo não lhe renda cultos de admiração. Na verdade, porém, inveja aqueles que têm destaque ante a multidão e quer-lhes o aplauso, que julga deverem ser seus. Aproxima-se, assim, de um amigo querido, que muito depositou confiança em você e, no entanto, atraiçoa-o pelas costas, com comentários indevidos, divulgando, de modo anti-ético, indecente e venal, aspectos fracos desse seu companheiro de ideal que apenas se havia aberto demais para você, cujo erro havia sido ter você numa conta maior do que merecia. Infiltrou-se no meio mais íntimo dele, qual uma serpente peçonhenta, para espargir o bafio sinistro da difamação, corroendo uma obra que é de Deus e não daquele sobre quem pousa os olhos.

Ai de você, amigo, que age de modo tão pérfido com quem, embora humano como você, faz esforços sobre-humanos para sustentar uma obra divina que lhe foi confiada… Ai de você, porque a taça do destino poderá entornar, a qualquer momento, em sua direção, com conseqüências imprevisíveis…

E agora… você se lamenta… sentindo-se injustiçado, perseguido gratuitamente por forças invisíveis… como se estivesse, pobre vítima indefesa, entregue, inerme, a verdugos cruéis da dimensão extra-física…

Cuidado, amigo, para que a presunção, aliada à falsa moralidade não lhe estejam toldando a capacidade de enxergar com clareza quem realmente é e o que de fato pode fazer. O despeito pode lhe estar tisnando os quadros emocionais e o orgulho impedindo-o de notar com nitidez o lugar exato que deve ocupar no quadro dos acontecimentos, conforme os desígnios de Deus.

Repare, quanto antes, o dano cometido ao seu amigo e suspenda, com rigor, a conduta capciosa tendente a ardis políticos, espalhando palavras venenosas a respeito das pessoas, para desarticular obras já em andamento, com o fito de cooptar a confiança alheia, por meio de confidências de fundo duvidoso. Com essa atitude, esteja certo, amigo, estará criando apenas um inferno em sua direção, acumulando energias altamente destrutivas que retornarão, como sementes amargas de destino terrível.

Quem semeia problemas e sofrimentos nas vidas dos outros, ainda que emoldure suas palavras e seus gestos com atitude estudada, gentil e diplomática, atrai para si o que há de pior, principalmente a começar pelo endurecimento do próprio coração, que rapidamente perde sintonia com a Luz Divina e Seu Amor. E se, amigo, o foco consciente ou inconsciente do mal que planta é a vida de quem vive para os outros, fazendo o bem… céus!… devemos nos apiedar de sua sina, porque as leis automáticas de retorno que regem as relações humanas funcionam de forma dramática quando se trata de quem não mereça estar sendo traído ou injustiçado.

Refaça, em quanto é tempo, os seus caminhos. Espalhe amor, reverta impressões negativas que haja disseminado sobre pessoas, inicie uma nova era em sua vida… enquanto é dia… já que a noite das grandes provações nunca está longe… de quem descansa sob a falsa sombra de ilusões tenebrosas de orgulho e egoísmo.

(Texto recebido em 4 de setembro de 2002.)