Benjamin Teixeira
pelo espírito Eugênia.



Minha querida irmã de ideal:

Você me afirma jazer cansada de tanto esforço improfícuo na causa do bem. O que quer você me dizer por esforço improdutivo? Seria bom que considerasse que os resultados, amiúde, estão na própria disciplina da alma, e não nos efeitos externos que se colhem imediatamente, no empenho salvacionista.

Você é disciplinada e muito esforçada. Se não obtém, com prontidão, frutos de seu ofício fraterno, agradeça a Deus a oportunidade de serviço que lhe foi conferida, e confie a Ele a responsabilidade do fazer germinar e medrar a bolota do bem que semeia.

Obviamente que pode e mesmo deve verificar se os métodos, os recursos e as pessoas envolvidas em tais tarefas do bem estão adequadas, dentro de uma perspectiva pragmática. Contudo, tenha o cuidado de não adotar um prisma imediatista-utilitarista rasteiro, aos moldes do mundo empresarial moderno, que não condiz com quem tem a convicção na imortalidade.

Porque seus filhos não apresentam melhoras psicológicas e morais imediatas, vai desistir de educá-los? Claro que não: assim, prossiga até o fim, dando de si o seu melhor. Se nesta encarnação mesma não apresentarem progressos (pode se surpreender com avanços inesperados para antes do que imagina possível), com absoluta certeza revelarão resultado n’outras existências ou depois da morte física.

Se não consegue superar determinada tendência indesejável em si mesma, continue trabalhando na lapidação de si próprio, até que logre a mudança profunda da própria psique.

Não consegue se concentrar em suas preces ou em suas leituras? Persevere resolutamente em seu empenho por realizá-las, e, com o tempo, os “músculos” da concentração desenvolver-se-ão o suficiente para que não padeça tanto de distração.

Em resumo: seja o que for, no campo do bem, faça o seu melhor, sempre, e confie a Deus os resultados. A semeadura é de nossa responsabilidade. A sega é de Deus. Justificar a negligência no campo do bem, por não se verificar, logo, o efeito desejado, é revelar inconsciência de propósitos, que transcendem os objetivos, e volubilidade no campo de princípios, de espiritualidade, por se estar intentando condicionar programas da alma a resultados práticos-materiais, que nem sempre se coadunam com a excelsitude dos ideais abraçados.

E, muito embora respeitemos a filosofia pragmática, que levou o ser humano na Terra ao ponto em que hoje se encontra, em termos de prosperidade material, cultura e avanço social, precisamos lembrar que a evolução se dá, amiúde, em passos lentos, que constituem esboços de saltos maiores, e que somente com a persistência e a fidelidade a compromissos assumidos, logram-se atingir grandes desideratos.

(Texto recebido em 17 de agosto de 2005.)


(*) Evidentemente, como se notará, todos os traços eventualmente identificadores da destinatária foram supressos, com isto podendo esta mensagem pessoal ser publicada.

(Nota do Médium)