Benjamin Teixeira
pelo espírito
Eugênia.

Querida (…):

Como está?
Hoje de manhã estive com você. Será que notou?
Depositei flores na sua cabeceira, enchi o ambiente de perfumes espirituais e, por fim, dei-lhe meu ósculo de bom dia.
Nesse instante, revolveu-se na cama e acordou feliz.

Estou satisfeita de que esteja nessa senda, minha querida filha, aquela traçada por nosso Senhor Jesus, há 2.000 anos. Hoje, novos discípulos da fé seguem, adiante, preparando as veredas do nosso Salvador, que retornará, pujante, pelo padrão de consciência de milhões, que se estenderão a bilhões, assim estabelecendo o Reino dos Céus, prometido por Ele ao nosso orbe. E Ele a chamou para esse trabalho. Tem você todas as disposições e tendências necessárias a isso – e bem claro isso lhe fica, quando pensa na satisfação que você sente em servir ao próximo, sobremaneira aos mais sofredores. Com isso dizendo, não estou conclamando-a a obras grandiosas, mas aos serviços sinceros, pequeninos e constantes, da paciência e da caridade continuadas, em todos os momentos de sua vida, desde as situações mais corriqueiras, até aquelas em que, de fato, dedica-se ao serviço de auxílio ao seu semelhante.

Toda sua amargura, minha querida, será sanada. Suas dores serão consoladas, na exata medida em que balsamizar as úlceras morais das almas de seus irmãos em humanidade, que seguem ao seu lado, em circunstâncias piores que as suas. Nesse trabalho redentor, de espalhar as fragrâncias da caridade, encontrará você o arrimo, o alento e a alegria que tanto buscou alhures.

Hoje também estou muito feliz, por uma coisa em particular: seu coraçãozinho bom com sua mãe: de novo, foi-lhe motivo de estímulo e de soerguimento. Você tem grandes deveres morais em relação a ela, meu bem. E os compromissos remontam não apenas ao dever de gratidão pelo haver-lhe favorecido o nascimento no plano físico, atualmente, mas para bem antes da presente concepção física. É uma alma boa, à sua enlaçada há séculos de séculos. Têm nascido no seio da consangüinidade, há tantas reencarnações, que hoje se sentem, em muitos sentidos, continuação uma da outra. O sentimento de cumplicidade profunda que as une não é mesmo por acaso: vocês têm compartilhado inúmeras existências sucessivas, na intimidade, na troca, na irmandade de sentimentos e de destino. O laço atual de mãe-filha apenas reforça esse outro a que aludo, mais profundo, que lhes enleia os espíritos, no longo trajeto evolutivo que têm dividido como companheiras milenares.

Grata pelo seu carinho e satisfeita por sua iniciação nos caminhos de Deus, de modo efetivo,

Sua mãe espiritual, sempre presente,

Eugênia,

dando-lhe o mais profundo abraço, no imo de seu coraçãozinho bom.

Aracaju, 12 de janeiro de 2003.