A Medicina é sacerdócio ímpar, que envolve alto grau de responsabilidade, ante as Autoridades Angélicas a quem prestamos contas.

Quando alguém se dispõe a se tornar médico ou exercer quaisquer das correlatas funções associadas à saúde humana, está, em verdade, candidatando-se a um ministério de facilitador da vida, ou seja: um facilitador dos propósitos de Deus no mundo.

Exercendo seu ofício, conta, cada profissional das ciências bio-médicas, com o auxílio de amigos de nossa dimensão existencial: médicos, paramédicos, enfermeiros, odontólogos, fisioterapeutas e mesmo psicoterapeutas, em fabulosa interação multidisciplinar, que considera a totalidade do indivíduo, em seu sistema orgânico, em contínuo intercâmbio com as forças espirituais que regem o holossoma do ser.

Portanto, urge considerarmos que as múltiplas especialidades médicas carecem de uma visão de conjunto, uma perspectiva gestáltica que integre a imensidão de dados que hoje são coletados, produzidos e analisados pela pesquisa científica no setor.

Por outro lado, mister se faz, outrossim, que o profissional do âmbito sagrado de suporte à vida desenvolva um prisma mais espiritual e menos materialista no espectro de percepção do ser humano, a fim de não mecanizar a vida, em lugar de, ao reverso, adotar uma abordagem orgânica do universo.

A Medicina, no passado indissociável das práticas religiosas, retornará, num futuro breve, a integrar a visão mística, transcendente e transpessoal da vida, sem descurar do rigor científico. O progresso da Medicina, tanto no plano teórico, como no da prática clínico-tecnológica, seguirá a ótica das espirais de evolução dialética de Hegel, sintetizando o melhor dos períodos anteriores: o sentido de reverência ao aspecto sagrado da vida, dos tempos primevos, e o rigor tecno-científico da era moderna.

Esse é o propósito deste workshop que inspiramos. Sintetizar, numa visão de conjunto, diversos capítulos de descobertas controversas da Medicina, bem como postular teses humanizadoras da prática de Esculápio, favorecendo o pleno desabrochar da Medicina, como meio de redenção e transformação do ser humano.

A Engenharia Genética, com suas possibilidades revolucionárias de re-escrita genética do genoma humano; as abordagens geriátricas de ponta, com suas ousadas proposições de elastecimento da longevidade humana, bem como toda sorte de prática avançada da cirurgia, do diagnóstico e da farmácia, exigem-nos uma compreensão profunda de bio-ética e humanidade, que nos impeçam de resvalar nos desvãos do cientificismo vulgar, inconsciente, anti-ético e desvestido dos altos propósitos que imprimem à Medicina sua aura e finalidade divinas de canalização da Cura e do Bem Estar para a espécie humana.

Que cada profissional que seja alcançado por esse trabalho despretensioso quanto, paradoxalmente, atrevido, apreenda-nos a proposta vanguardista de gerarmos uma nova tendência, um novo padrão e uma nova prática na Medicina, que transcendam os parâmetros tacanhos e anacrônicos da linearidade mecanicista do antigo paradigma cartesiano de Ciência e passemos para uma nova Era, desembocando em uma metodologia mais realista de apreensão e compreensão da complexa e multidimesional engrenagem psicobiofísica do ser senciente, em que o ser humano, em sua totalidade indivisa, seja considerado, observado e, por fim, tratado, desde as mais elementares regras preventivas, até as mais complexas e melindrosas intervenções cirúrgicas.

Eugênia.

(Texto recebido pelo médium Benjamin Teixeira, em 29 de outubro de 2001, por ocasião do Workshop O Cérebro, a Alma e a Medicina, realizado no Sindicato dos Médicos do Estado de Sergipe.)