Benjamin Teixeira
pelo espírito
Eugênia.

Contenta-te, querido amigo, com as falas confortadoras de teu coração bom, ao te voltares à oculta dor que te segue afligindo, no imo d’alma. Se te segreda este amigo oculto – o cerne de teus sentimentos – que sigas em teu projeto audaz de alforria do espírito, ainda que sob apupos da multidão, a fim de que descortines nova era, para ti mesmo e teus irmãos em sofrimento, engendrando, com muito custo, circunstância em que possas, não apenas tu mesmo, mas eles também, viverem em paz e desfrutarem de uma mínima expressão de cidadania, respeitabilidade pública e espaço à própria individualidade, faze de tua voz, quase solitária, nesta campanha por ora ainda vanguardista, o canto audaz, heróico e sacrificial da cotovia apunhalada, que prossegue, conquanto ferida mortalmente, em seu canto mavioso, deleitando e alimentando a alma de quantos carecem de um mínimo alento de esperança e paz.

Mantém-te convicto de que, se fores além do necessário ou do suportável por tua natureza humana falível, neste espetáculo luzidio de idealismo e fé, coragem e determinação, aves altaneiras, de montanhas ignotas da Transcendência, descerão até ti, nutrindo-te a vocação e o ânimo, de molde a que possas te tornar um ícone de dignidade pessoal e militância humanista, laborando eficazmente por deixar um legado substancioso a uma humanidade mais feliz e cordata, em todos os seus segmentos sociais e expressões de ação.

(Texto recebido em 28 de outubro de 2008. Revisão de Delano Mothé.)