(A evolução seria um “dogma” espírita?)

Caro leitor:

Sérgio Santana, criador de uma das comunidades do Salto Quântico na rede social “Orkut”, da internet, propôs a criação de um tópico para debates (exatamente com o título desta mensagem), em que os participantes formulam perguntas a Benjamin Teixeira. Pelo caráter de interesse coletivo, nossa equipe achou por bem publicá-lo neste site. Segue, abaixo, a primeira indagação deste fórum, cunhada por seu próprio idealizador, com a respectiva resposta de nosso líder espírita.

Delano Mothé, diretor do Deparmento de Edição e Divulgação do Salto Quântico.

(Sérgio Santana) – (…) Vamos todos aprender um pouco mais com o grande professor. Vou começar então: Benjamin, a impossibilidade de retrocesso na evolução do espírito não parece um dogma do Espiritismo?

(Benjamin Teixeira) – Primeiramente, meu caro Sérgio, obrigado pelo “grande professor”, que entendo como um estímulo a que me torne uma pessoa melhor, ante a total impossibilidade de me enquadrar na sua lisonja gentil e fraterna. Sou forçado a declarar que eles, os bons espíritos, é que são grandes mestres. De minha parte, reconheço, sem espaço a dúvidas, muito precária a minha condição intelecto-moral, que me permite, tão-somente, de modo muito refratário, espelhar bruxuleios da bondade e da sabedoria dos que me assistem, do Plano Sublime de Vida. Farei, assim – como tento sempre fazer –, o possível para interferir menos e canalizar melhor as idéias e valores dos Nossos Maiores. Nestas respostas, tentarei, quanto possível, ser sucinto.

Quanto à sua pergunta, a resposta é não. A própria natureza e os fenômenos sociais o revelam. A entropia, a segunda lei da termodinâmica, apresenta-se, nos fenômenos naturais, como uma regra absoluta: de progressiva desordem em todos os processos relacionados a seres ou a conjunturas materiais. Já a sintropia ou neguentropia (princípio que determina a complexificação gradativa e indefinida de todos os processos) manifesta-se como um princípio regente dos fenômenos psíquicos ou espirituais, quanto culturais e civilizacionais. Vemos, destarte, que a evolução filogenética atesta tal princípio inequivocamente, assim como a decadência e ascensão de civilizações. No primeiro caso, com a paleontologia a provar que as espécies tendem a se complexificar cumulativamente. No segundo, com o curioso e sintomático processo de morte e nascimento de impérios, que dá espaço a que povos crescentemente mais lúcidos e civilizados assumam a dianteira na liderança das nações. Uma rápida retrospectiva histórica demonstra como os impérios tendem a ser cada vez menos destrutivos e invasivos, tanto quanto mais democráticos e humanos (em relação aos que lhes antecederam, na esteira dos séculos). Dá-se, no campo da evolução do indivíduo, na esfera espiritual, uma mera transposição ou dilação de efeitos deste princípio de sintropia. Por mais que algumas circunstâncias reencarnatórias restritivas – como portar um cérebro deficiente ou renascer num meio inculto – possam embotar, parcialmente, a manifestação clara das conquistas evolutivas de um espírito, a entidade indestrutível que somos sempre acumulará experiência, capacidade e sentimento, na rota infinita da evolução.

(Redigido em 11 de junho de 2007. Revisão de Delano Mothé.)