Benjamin Teixeira
pelo espírito
Eugênia.

O corpo que ora você utiliza, para se manifestar na dimensão física de vida, constitui tesouro inaquilatável de possibilidades, a lhe bafejarem a sorte com ensejos de crescimento e aprendizado infinitos.
Seu corpo é seu maior patrimônio no mundo material.

Todavia, considere:

1) Seu casulo orgânico tem tempo de validade.

Embora possam ser feitos alguns ajustes emergenciais de prolongamento vital, ou uma suspensão eventual de operação, seu organismo foi pré-programado a determinado tempo de funcionamento, após o qual findará funções, permitindo-lhe libertação da jaula material. Assim, pergunto-lhe, em nome d’Os que represento: Como tem feito uso do tempo que lhe é disponível? Seu corpo tem potencialidades incríveis. Pode, com exercícios e trato adequado, ficar em estado excelente de funcionalidade e produtividade por longo tempo. Mas, por melhores as condições que lhe ofereça, está, ainda assim, em contínuo processo de desgaste, lentamente conduzindo-se para a sepultura. Afinal de contas, ele é equivalente à carne que você come, devidamente condimentada, no almoço. Você não é seu corpo, e, definitivamente, seu corpo não é eterno. Esquecer-se dessa verdade fundamental pode não só ser altamente perigoso – indica grave estado de alienação, de fuga. Sem considerar este fato fundamental, dificilmente se toma uma perspectiva lúcida de vida, e, conseqüentemente, também raramente se adota uma política existencial realmente plena de aproveitamento.


2) Seu corpo não lhe pertence.

A despeito de você ser o único morador em sua casa orgânica e dela poder fazer o que bem lhe entender, pergunto-lhe: Você comprou seu corpo, negociou sua formatação, condições de saúde, aspecto racial ou compleição? Pois bem: seu corpo não é seu: é de propriedade divina, do domínio que podemos chamar Natureza. Por enquanto, você tem autorização para se manifestar por ele. É uma grande oportunidade. Logo, porém, quando a quota de energia que o sustenta esgotar-se e seus elementos constitutivos estiverem suficientemente desgastados, terá que devolvê-lo à Terra, e, com ele, abandonar todos os papéis que desempenha no mundo físico, propriedades, status e mesmo entes queridos, partindo para outra circunstância de vida, totalmente nova.


3) Apesar do acima exposto, enquanto encarnado, o corpo compõe sua identidade, influenciando poderosamente seu estado de espírito, disposição ao trabalho e mesmo propensão à espiritualidade e à paz.

Assim, cuide bem de seu animalzinho-mor de estimação. Ele é a carruagem-viva que, concomitante e paradoxalmente, você usa e faz parte de sua natureza, enquanto durar esse consórcio que se chama reencarnação. Dentro do possível, alimente-o com critério, dê-lhe repouso adequado e exercite-o. Mas lembre-se: o mais importante de tudo é manter a mente equilibrada e o coração em paz, pois que o corpo reflete, tão-somente, o que vai na torre da consciência; e mais vale um corpo menos são, com uma mente lúcida, que um corpo bem tratado com uma psique desordenada, da mesma forma que mais vale um bom operador com um hardware precário, que uma máquina fabulosa com um operador inepto. O culto ao corpo da modernidade é tão ou mais perigoso que a repressão dos instintos levada a efeito, em tempos idos, nos meios religiosos.

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Dito isso, agradeça a Deus. Seu corpo é sua maior bênção atual. Através dele, conhece e convive com seus entes queridos; aprende lições preciosas no mundo físico, e presta serviços à comunidade humana do plano material.

E, esteja certo: não cometendo deslizes graves demais, só desencarnará você no momento azado, podendo estar tranqüilo quanto a isso e dedicar seu espaço mental e sua energia às questões que realmente importam: como ocupar digna e produtivamente o tempo que lhe for concedido para essa existência física.

(Texto recebido em 11 de setembro de 2004.)