Benjamin Teixeira
pelo espírito
Eugênia.

Você está solteiro, viúvo, separado? Você é, nos dizeres anglo-fônicos, um single? Se você está avulso, como fala a nova gíria luso-fônica, pense nos benefícios desta situação, em vez de ficar se debatendo contra a circunstância, que talvez demore um pouco para se dissolver.

Os relacionamentos afetivos são grandes aceleradores evolutivos, para questões emocionais e psicológicas. Todavia, em matéria de crescimento intelectual e espiritual, não há nada melhor que viver longos períodos de isolamento, (sem solidão entretanto).

Este primeiro conceito é importante ser desenvolvido e esclarecido. Estar só não implica estar-se solitário. Quem mora sozinho, por exemplo, pode estar com amigos ou familiares, sempre que desejar, à distância, tão-somente, de um telefonema, para isto, para marcar um encontro imediato ou mesmo enternecer-se pelo próprio fio. Por outro lado, legiões de pessoas acompanhadas se sentem horrivelmente solitárias por dentro, mormente nos grandes conglomerados urbanos, ao não se sentirem verdadeiramente vistas e acolhidas pelo que são, pelo que sentem.

Quem está sozinho, tem mais tempo para ir ao cinema, ao teatro, para ler, meditar, desenvolver e manter amizades, estar com os familiares de quem realmente se quer bem, dedicar-se a hobbies, devotar-se a serviços voluntários, empenhar-se em atividades espirituais, como a freqüência a cultos e reuniões de caráter religioso.

Aproveite agora o tempo que tem livre só para você, porque dia virá – talvez mais rapidamente do que você pensa – em que lamentará, profundamente, pela falta de tempo até para 15 minutos de reflexão matinal.

A ausência de introspecção, com a conseqüente pobreza de vida interior, é um dos piores dramas da modernidade. Não desperdice o lapso de tempo maior que tem para investir em você mesmo. Aplique cada instante disponível a descobrir-se mais a fundo, fazer terapia, buscar aconselhamento profissional, visitar uma biblioteca, fazer aquela viagem. Enxugue essa lágrima patética: enquanto você chora por estar só, uma multidão chora por não conseguir ficar só. Assim, se você tem sossego para a paz e se angustia, não espere obtê-la, quando o sossego lhe for roubado, pelos afetos da intimidade.

Curta seus momentos consigo mesmo, pare para ficar apenas consigo. E, ainda que você seja acompanhado, na intimidade, por outras pessoas, reserve tempo para si, apenas para si. Passe um fim de semana sozinho, em um hotel de cidade vizinha ou em casa de praia de um amigo, tire férias do cônjuge (risos), de crianças, de empregados e superiores hierárquicos, pelo menos três ou quatro vezes ao ano, em rápidos períodos de dois ou três dias (*). Ao amanhecer, ao menos por quinze minutos, fique só para orar, meditar ou planejar seu dia. E não me diga que isso é impossível, por ter muitas obrigações, porque eu lhe direi que, por isso mesmo, não pode você dispensar esse ritual, ou não terá rendimento na desincumbência das mesmas.

Por fim, recorde-se de Jesus, que, embora estivesse sempre cercado de uma multidão de fãs idólatras e de sofredores confiantes em Seu poder, no momento supremo do testemunho pessoal, esteve só, carregando a cruz aos ombros feridos e morrendo igualmente sozinho, para ficar por um dia e meio encerrado num túmulo, para, contudo, eis o ponto fundamental a considerar: subir aos céus, também sozinho, na glória intransferível, pessoal, de ganhar-se para Deus e ter-se para sempre.

(Texto recebido em 18 de outubro de 2004.)


(*) O humor de Eugênia ao falar de “tirar férias do cônjuge” é uma forma leve de falar de algo sério e, amiúde, dramaticamente necessário, inclusive para poder-se tomar uma perspectiva mais lúcida, em plena crise matrimonial e familiar, e, assim, consolidar os laços de afeto, a partir de um novo prisma constituído para a avaliação dos sentimentos. Por fim, com relação a férias de curta duração, espalhadas pelo ano, em vez de uma única mais longa, é sugestão dos consultores de carreira e psicólogos na atualidade, com quem Eugênia demonstra anuir, endossando, assim, tal tese: a de que esse regímen de férias é mais eficaz e compensatório que o clássico.

(Nota do Médium)

Uma magnífica mensagem de Eugênia sobre a imortalidade da alma e seus respaldos atuais na Ciência, assim como uma outra sobre a fórmula fundamental da felicidade constituíram as mensagens do fim de semana último, que você pode acessar clicando em “mensagens anteriores”, no canto superior esquerdo de seu monitor.