Benjamin Teixeira
pelo espírito
Eugênia.

Você, mãe, que chorou por seus filhos, agora tem que sorrir.
Você chorou pelas dores deles, agora, deverá sorrir com sua felicidade, ainda que ela implique estar muito longe de você.

Eles serão levados por outros braços, amando agora mais outras pessoas – esposa, marido, filhos, e você ficará para momentos de lazer ou repouso, em espaço secundário em suas vidas. Isso não é ingratidão – é o fluxo natural da vida. Receberam, para que dessem a outros. E você deu, não para que recebesse de volta, e sim para que eles crescessem e se tornassem independentes.

Há muitas ilusões no mundo, entre elas algumas imiscuídas em coisas sagradas. O amor dos pais é uma delas, carregado de enganos, entre elas o fato de se verem os filhos como propriedades ou continuações de si. Quem se confia a esse tipo de fantasia, sofrerá tremendas desilusões, e corre o risco ainda de se sentir vítima, em vez de aprender a lição do desapego, da superação do egoísmo.

Faça hoje mesmo sua faxina mental. Afaste de si qualquer idéia de perenidade, no que quer que seja. Tudo passa. Homens poderosos morrem e confiam seus impérios à posteridade. Celebridades brilham e passam, como estrelas cadentes, voltando ao pó d’onde vieram. Fortunas faustosas se dissipam e os corpos mais saudáveis inclinam para a sepultura, mais cedo ou mais tarde.

Não adianta precatar-se contra ou esquivar-se da verdade. Ela está em toda parte. As cirurgias plásticas que fizer ou a ginástica que mantém como hábito não lhe impedirão de envelhecer e morrer. O seguro de vida que faz não acrescentará em um único dia o tempo de vida que terá sobre a Terra, por mais milionário seu investimento. A luta por zombar das coisas espirituais, e fazer pouco caso da finitude da vida física não lhe farão deixar de ser um espírito eterno que, cedo ou tarde, enfrentará a própria consciência, no tribunal infalível do tempo, ante as Grandes Potestades Espirituais que dirigem os nossos destinos.

Agora é a hora de despertar… ou de continuar a alimentar a loucura… para sofrer mais, num despertar mais doloroso ainda, mais tarde…

(Texto recebido em 30 de janeiro de 2003.)