Benjamin Teixeira
pelo espírito
Gustavo Henrique.

Tentam colapsar-lhe a mente. Pugnam por desarranjar-lhe o cérebro. Confundem-lhe as emoções e os impulsos. Usam seus erros para argumentar que nunca poderá se soerguer do pântano de inferioridade de que provém do longo passado reencarnatório. Atordoam-no, por todos os meios disponíveis.

Não acredite, prezado amigo, na sanha argumentativa daqueles que se colocam como inimigos da causa do Cristo. Sim, você é portador de inúmeras deficiências, mas assim o eram todos os que seguiram Jesus, em suas pegadas de redenção, há dois mil anos.

Maria de Magdala era atormentada por vampiros tenazes. Tiago era flagelado pela própria rigidez, vítima de perfeccionismo e puritanismo cruéis. Paulo era vitimado de surtos coléricos que dificilmente conteve, com disciplina e devotamento ao Cristo. Pedro trazia um coração oscilante e uma mente insegura, à busca da firmeza do solo espiritual que Jesus ofertou.

Se você se sente doente, indigno, fraco e pecador, seja bem vindo ao grupo dos discípulos sinceros do Cordeiro de Deus, que sempre souberam notar todos esses aspectos em si mesmos.

Obviamente que, ao dizer isso, de modo algum estamos endossando atitudes acomodatícias e auto-indulgentes, no culto ao menor esforço, na negligência à auto-corrigenda. Mas propomos o essencial: para nos transcender, precisamos, primeiramente, partir do patamar real de desenvolvimento em que estamos, reconhecendo-o. A repressão ou a denegação de aspectos evolutivos que nos são característicos só complica o próprio processo evolutivo.

Sendo assim, amigo, se vem errando, se incorreu em deslizes indesejáveis e se ainda porta falhas incômodas de personalidade, saiba que por muito tempo ainda carregará, no bojo de si mesmo, traços pouco lisonjeiros, pedindo a charrua da auto-reforma e a irrigação da prece e da meditação.

E se, de alguma forma, se detém na lamentação por erros que considera indesculpáveis, dessa ou de outras existências, recorde-se de que nada acontece sem permissão de Deus, e que, amiúde, os maiores erros conduzem a alma aos maiores acertos, pela busca de transformação íntima e compensação que os espíritos conversos intentam empreender.

Tudo é para o bem e o mal é sempre aparente, muito embora a treva seja muito concreta em seus efeitos práticos. Colha a lição da experiência que ora o aturde e siga, feliz, à nova fase de vida que lhe ri, nas dobradiças do destino, cheia de possibilidades ignotas de ser feliz e acertar…

(Texto recebido em 10 de outubro de 2001.)