Visualize-se o Vulto Sublime de Jesus, chicote à mão, vergastando o ambiente e revirando as bancas dos(as) vendedores(as) de todas as conveniências humanas, no Templo de Jerusalém¹ – cenário emblemático que foi da elite não só religiosa, mas também política, cultural e econômica do povo israelita, que retrata, nos Evangelhos, todas as nações da Terra.

Diante dessa tão poderosa imagem, constitui simplismo infantil presumir que as Vozes do Céu necessariamente são ternas, porque então seriam complacentes, a despeito de existirem, obviamente, as que Se expressam amorosas e estimulantes, desde um primeiro exame.

Por outro lado, as vozes do mal comumente se fazem melífluas e cariciosas, a fim de se acumpliciarem com os caprichos e mesmo as perversidades das criaturas, sendo, por isso, de pronto e facilmente, interpretadas como benevolentes, pela incúria peculiar ao nível egoico de consciência da esmagadora maioria da população terrena na atualidade.

Sobre esse fenômeno disseminado em todas as esferas da ação humana no orbe, igualmente foi claro o Mestre dos(as) mestres(as) em advertir: “Acautelai-vos dos(as) falsos(as) profetas(isas), que vêm até vós vestidos(as) de peles de ovelhas, mas interiormente são lobos(as) devoradores(as).”²

Em termos pragmáticos, entrementes, o que mais importa aos seres humanos é saber qual a atitude apropriada e qual o perfil psicológico com maior potencial a assimilar as Mensagens mais duras de Origem Sagrada.

As pessoas que, da perspectiva humana, menos mereceriam repreensões do Alto são as que mais as aproveitam construtivamente, ao se empenharem na prática do bem e no autoaprimoramento, avançando seu passo rumo à Luz Divina. Tais alertas benfazejos podem se manifestar por agentes externos(as) ou vetores internos da alma, como a voz da própria consciência, mas amiúde se apresentam, de modo simbólico, nas vicissitudes da existência.

Em contrapartida, os indivíduos mais resistentes às reprimendas celestes não se apercebem de que são os que mais delas precisam, para saírem da cova escura de ilusões egoicas e vazios do coração em que se escondem, inclusive de si mesmos… Praguejam contra críticas honestas e justas de canais da Faixa de Sabedoria, ou se revoltam contra dores e limitações naturais da condição humana, em vez de crescerem com os desafios existenciais, convertendo-os em estímulos à busca de sua legítima felicidade.

De ordinário, paradoxalmente, os(as) discípulos(as) da Verdade aprendem e amadurecem em cada circunstância, ainda quando injustiçados(as) – e amiúde de maneira mais rápida e profunda, nessas ocasiões –, enquanto, desastrada e ironicamente, os(as) afiliados(as) às forças sombrias transformam em motivo de queda e desastre, para si e para quem esteja em seu raio de influência, até as graças que, por Misericórdia Excelsa, recebem.

Por haver essas “esquisitices” tão típicas da humanidade terrícola de hoje é que frequentemente espoca o espetáculo pavoroso de aprendizes da espiritualidade rejeitarem o que deveriam aproveitar, resoluta e fervorosamente: a bênção inaquilatável de serem agraciados(as) como destinatários(as) diretos(as) da Face Firme de Deus, que os(as) poderia converter em devotos(as) mais genuínos(as).

Resvalando na postura diabólica de olharem de esguelha para quem ou o que representa a Fonte da Vida que reverbera em sua direção, preferem, desconfiados(as), voluntariosos(as) e assustadiços(as), afundar no vale do queixume primário, por não aceitarem expectativas frustradas como eventos corriqueiros, quando não se precipitam, tragicamente, no abismo do comportamento blasfemo e infernal contra as Potências da Divindade…

Cabe lembrar, mais uma vez, o que asseverou, em tom de seriíssima admoestação, o Cristo Verbo da Verdade: “Àquele(a) que tem, mais se dará, e terá em abundância; mas àquele(a) que não tem, até o que tem lhe será tirado.”³

Benjamin Teixeira de Aguiar (médium) e
Eugênia-Aspásia (Espírito)
em Nome de Maria Cristo
Bethel, CT, região metropolitana de Nova York, EUA
26 de dezembro de 2020

1. Mateus, 21:12; Marcos, 11:15; João, 2:15.
2. Mateus, 7:15.
3. Mateus, 13:12; Marcos, 4:25.