Benjamin Teixeira
pelo espírito
Eugênia.

Há quatro tipos de inteligência a serem considerados. Duas delas intelectivas, duas espirituais. As primeiras dizem respeito a habilidades do intelecto, sejam referentes à manipulação de dados racionais ou emocionais. As duas outras são alusivas às expressões mais profundas, nobres e elevadas do ser humano, que tangenciam as questões mais abstratas, principiológicas, filosofais, morais dos mecanismos de elaboração mental.

A) Inteligências Intelectivas:

1. Inteligência Racional.

Aquela que é medida em testes de QI, a lógico-matemática, a lingüística, mas também outras, não avaliadas nos testes clássicos de inteligência, como: a psico-motora (aquela que atletas e ginastas têm acentuada), a interpessoal (que líderes, políticos e atores costumam ter mais desenvolvida), a intrapsíquica (que escritores e psicólogos apresentam de modo particular), entre outras habilidades meramente intelectuais.

2. Inteligência Emocional.

Aquela que concerne à capacidade de percepção, administração e aplicação dos próprios conteúdos emocionais, em função de metas estabelecidas, conforme padrões de valores pré-estipulados. Quem tem boa inteligência emocional sabe o que sente, adia gratificações, supera bem frustrações e encontra formas adequadas de canalizar e educar desejos e impulsos de um modo geral, em prol de objetivos, prioridades e valores que tem como verdadeiros em dado momento de sua vida.

B) Inteligências Espirituais:

3. Inteligência Moral.

A inteligência moral faz referência a tudo que concerne a ética, moral, discernimento, princípios religiosos e cívicos, habilidade de elevar-se além dos interesses mesquinhos, pessoais, imediatos, materiais, e vislumbrar valores, interesses e aspirações além da esfera mais rasteira da sobrevivência material e das disputas egóicas entre os indivíduos. Os santos, mártires e líderes religiosos, às vezes teólogos e sociólogos, filósofos e juristas, costumam ter, de forma mais aguda, esse tipo de inteligência. São pessoas que têm uma sensibilidade apurada para o que é decente, digno, ético, justo e bom, e pautam suas vidas em função de tais princípios, não porque se imponham isso, mas porque se sentem imperiosamente impelidas nesse sentido, por considerarem tais valores como obrigatórios e paradoxalmente espontâneos em sua natureza.

4. Inteligência Intuicional.

A inteligência intuicional é a capacidade de perceber significados, vislumbrar propósitos, de apreender a razão de ser de coisas, situações, pessoas, ocorrências. Quem tem elevado coeficiente de inteligência intuicional pode se tornar um líder extraordinário, compor obras de arte geniais, ou vir a ser um escritor prolífero ou muito profundo, pela sua capacidade excepcional de criar, antever, entrever e conceber. Captam tendências onde ninguém nota nada, descobrem oportunidades onde quase todo mundo só vê fantasia, e, principalmente, sabem realizar (quando de fato desenvolvidas) o que, para a maioria esmagadora dos mortais, afigura-se impossível. São pessoas que têm noções claras de finalidade, e que não se prendem às particularidades superficiais e óbvias de nada que vêem, tendo uma percuciência especial para enxergar o que é invisível para as pessoas menos dotadas dessa faculdade preciosa.

Na Terra, a inteligência intuicional é a mais rara de se encontrar, seguida da inteligência moral. Os grandes líderes portam de modo particular essa capacidade. São pessoas cheias de carisma, de lucidez, de capacidade de agregar, envolver e conduzir pessoas, pela percepção de mundo extraordinariamente apurada que portam. Por isso são tão amadas e seguidas. Lamentavelmente, porém, nem sempre um grande intuitivo é um grande ético (nem sempre quem porta grande inteligência intuitiva também detém acentuada inteligência moral). E eis que vemos aberrações como Hitler e Stalin conduzirem massas ciclópicas (às vezes de gente culta e treinada) para o abismo e a desgraça, ainda que óbvios, sem quase resistências.

Avalie, amigo, suas inteligências.

Se você é muito racional, mas pouco emocional, pode sofrer um branco num exame ou numa entrevista para emprego ou se descontrolar numa situação limite e pôr a perder patrimônios ou conquistas longamente acalentados e realizados.

Se é muito moral, mas não tem intuição refinada, é honesto, é bom e justo, mas não consegue descobrir o propósito de suas dores e perplexidades, das dificuldades encontradas para se expressar no mundo e, principalmente, não consegue divisar saídas e meios para as soluções e realizações que sua alma lhe pede.

Pense com critério, e busque a completude. Ser inteligente, competente e bem sucedido na vida profissional, mas também feliz na vida afetiva e familiar. Ser honesto, mas não ser estúpido e fracassado na concretização dos próprios ideais. Em suma, ser completo. Eis o ápice do processo de individuação para o nível humano, o apogeu da excelência em ser, viver e sentir. A maximização da condição humana, a potencialização do si mesmo.

Não ser inteiro é não ser, é ser canal dos interesses alheios, manipulável, frágil e suceptível a ataques e derrotas fragorosas, em todos os sentidos. Não ser inteiro é perder-se a si mesmo, bem como o norte da paz e da felicidade.

(Texto recebido em 19 de outubro de 2002.)