Como diz o Espírito Matheus-Anacleto, desde a virada do século, existem “futilidades essenciais” – atividades inofensivas de lazer que nos “recarregam as baterias psíquicas”, para que faceemos, com mais galhardia, os assuntos sérios da vida.

Sei que o que oferecemos aqui pode relaxar alguns(umas) de vocês – uma minoria, provavelmente. Que ao menos constitua, aos(às) que não se agradem da sugestão, um estímulo a procurarem suas formas idiossincráticas de repouso mental saudável, física e psicologicamente considerando.

Entre o caos dos noticiários nacionais e internacionais, por um lado, e nossa busca sagrada de transcendentalidade, por outro, fui autorizado pela Mestra Eugênia-Aspásia, com filtros do Espírito Temístocles, a enviar-lhes em caráter de entretenimento de domingo e em clima de “futilidade cult”, uma breve edição em vídeo (compartilhada de outro canal do YouTube) que compila imagens (em movimento e congeladas) da legendária Marlene Dietrich (1901-1992), com destaque para Paris, entre os seus 30 e 60 anos de idade, sem ordem cronológica.

Muito amada pela atriz cosmopolita e poliglota, Paris foi sua cidade escolhida, para lá se esconder, num apartamento, e nunca mais sair, por 14 anos consecutivos, os finais de sua última reencarnação – o mundo não poderia tomar conhecimento de que, ao fim, também a “imortal” Marlene Dietrich havia envelhecido.

Para quem gosta e, melhor ainda, para quem não gosta da diva do cinema clássico, meu comentário “elogioso” sobre ela: a mais sexy e glamourosa “caveira” da Terra (risos sem graça)…

Explico-me: ela se fez exemplo dramático da tragédia ambulante que eram as estrelas adoradas por multidões em toda a Terra – mal e raramente sorriam, com o propósito vão e inglório de evitarem marcas no rosto e retardarem o inexorável processo de envelhecimento, numa era de cirurgia plástica em seus primórdios.

Isso me parece relativamente atual, com tantos abusos levados a cabo pelas medicinas estética, dermatológica e plástica, além dos despautérios de perda de largas cotas de tempo em academias de modelagem corporal…

Que fujamos de delírios equivalentes, segundo nosso modo de ser!…

Dietrich poderia estar presa ao estereótipo da diva incorruptível, mas demonstrou uma bravura invulgar, ao enfrentar, antes da eclosão da Segunda Grande Guerra, o mais perigoso homem de seu tempo, Adolf Hitler, chefe da mais poderosa força armada do mundo, rechaçando veementemente a oferta de ser recebida em Berlim “como nem Cleópatra o fora na Antiga Roma”, além da promessa, feita pelo próprio Führer, de ter uma estrutura equivalente a uma Hollywood, somente para ela.

Não bastasse isso, depois de dar sua categórica negativa, declarando-se envergonhada por ser nativa do país que era governado pela terrível besta do século XX, foi aos frontes de batalha, expondo-se várias vezes a risco de morte, animando combatentes e confortando-os em seu leito de morte, em infectos hospitais de campanha, caridosamente substituindo mães, esposas e filhas, nos momentos finais de homens (amiúde quase garotos) tão sofridos.

Seja feliz, Marlene, onde você estiver – servidora ativa do Bem, em regiões de padecimento do domínio extrafísico de vida, socorrendo veteranos desencarnados da segunda grande conflagração global, até hoje…

Benjamin Teixeira de Aguiar
LaGrange, Nova York, EUA
31 de outubro de 2021