Benjamin Teixeira pelo espírito Eugênia.

Aparência, normalmente, é essência. Dificilmente, o que parece ser, numa análise profunda e criteriosa, não é o que parece.

Claro que não falamos aqui da aparência de um momento ou daquela que se revela, numa observação superficial de alguém, mas sim daquela que se intui, após um longo, arguto e cuidadoso estudo de um indivíduo, nos ângulos capitais do seu ser: quase sempre se obtém uma visão sistêmica do mesmo, muito próxima da realidade.

Quem anda mal-ajambrado é displicente, tanto quanto quem comete erros básicos no uso do idioma pátrio, com freqüência não é muito instruído.

O mitomaníaco não pode ser honesto, assim como aquele que faz declarações de amor idênticas a várias mulheres não pode ser sincero.

Cuidado com as aparências – elas costumam falar mais de si mesmo e das pessoas do que gostaria de crer, em suas fantasias idílicas sobre o mundo. Melhor acordar em tempo, e enxergar as coisas como são, a viver um pesadelo sem saber, até acordar em pleno inferno.

É natural que apresentemos resistências para ver o mal em quem amamos, mas amiúde se faz isso necessário, inclusive para que possamos ajudar com eficácia. Não perceber o mal no outro é, para completar, uma das formas piores de se desajudar alguém, estimulando-lhe os vícios, ao conivir tacitamente com eles. Não se deve ver o mal para destacá-lo, criando escândalo – isso seria fazer um mal maior que o original. Mas para que se ofereça o remédio justo à enfermidade da alma que se percebe.

Foque a atenção no que vê, porque “os que têm olhos de ver”, na linguagem Evangélica, verão. Ou, como disse Jesus, em outro momento de sua passagem pela Terra: “Olhai, vigiai e orai, para não cairdes em tentação”, apondo o abrir os olhos em primeiro plano, para que depois se pudesse fazer um discernimento justo das coisas e se posicionar corretamente ante os desafios da existência.

Não seja leviano e precipitado, nem acuse ninguém de coisa alguma, julgando-lhes os atos, sem uma avaliação mais profunda. Todavia, a título de não “julgar”, como pediu o Mestre, não vá renunciar ao analisar, que não só é faculdade como dever do ser humano (“Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”), a fim de que possa fazer as melhores escolhas, e possa, por fim, estar no caminho da Verdade e Vida.

(Texto recebido em 27 de junho de 2001.)