Benjamin Teixeira
pelo espírito
Eugênia.

Você cruzou caminho com um conhecido, na via pública, e este não o cumprimentou? Poderia estar ele muito distraído, num péssimo dia ou mesmo mergulhado num transe mediúnico, sem que o parecesse, para quem o observasse de fora.

Enviou torpedo, scrap, e-mail ou qualquer outra mensagem no campo eletrônico da realidade virtual, sem obter a atenção de uma resposta, por mais sumária? Expressivo percentual dos usuários de celular não possui hábito de responder a torpedos. Há quem não frequente habitualmente suas páginas de redes sociais na internet. E muitos confundem, em suas caixas de correspondência eletrônica, spans com material válido, apagando, acidentalmente, arquivos importantes.

Seja como for, ainda que a pessoa que o feriu com desprezo tenha agido mal, voluntária e conscientemente, contemporize quanto esteja em seu alcance. A tolerância e a indulgência são artefatos indispensáveis a viabilizar um mínimo de harmonia e bem-estar, na vida em sociedade. Encontrar-se com gente estruturalmente problemática ou provisoriamente conflitada constitui parte indissociável das relações interpessoais. Assim, não leve a sério demais os maus momentos de quem quer que seja, incluindo os seus mesmos.

Simplifique sua vida, abrevie sofrimentos, reduza a dimensão das dificuldades, suavize adversidades, por meio da aplicação sistemática do “deixe para lá” ou “deixe disso”, através do investimento permanente na ternura, na bondade, na serenidade e na diplomacia (se não, francamente, da caridade moral, no silêncio e no perdão), a benefício próprio, que repercutirá, por consequência, em benesses morais de paz, equilíbrio e alegria, para uma enorme quantidade de indivíduos que compõem seu círculo pessoal de influência, direta ou indireta, em efeito dominó, dia a dia, semana a semana.

De tal modo é correta esta nossa assertiva, que, computando todo o impacto, a conta-gotas, para a construtividade ou para a destrutividade, que você houver gerado, nas almas e vidas de milhares de irmãos em humanidade, terá você, ao final de um ano, de uma década ou de uma existência (ainda que não seja uma personalidade guindada a posição de realce público, no poder ou no prestígio, na riqueza ou na celebridade), convertido sua própria pessoa em verdadeiro vértice da Luz ou da treva, embaixador do Bem ou canal do mal, potencializador da felicidade ou agente do sofrimento, em escala coletiva.

Toda gente interage, diariamente, com dezenas, amiúde centenas de criaturas. O que você, de sua parte, escolhe ser, na sua e na vida de milhares que influenciará, de alguma forma e em algum grau de efeito, no transcurso de toda a sua atual reencarnação? Quer constituir parte do problema ou fator de solução, no seu e no roteiro evolutivo de muitos? Prefere fazer-se um protegido da Luz, por conta desta decisão heróica de servir às Potestades Celestes, como maximizador da paz e do bem-estar, onde e com quem estiver; ou não se importa de se colocar longe da proteção do Céu, transfundindo-se em fomentador da desagregação e da desgraça, na sua e na existência de incontáveis dos seus semelhantes?

Assustou-se com esta perspectiva? Então, defina-se pelo melhor. Esqueça o desânimo, o complexo de vítima, a reclamação sistemática, o pessimismo, o exagerado senso crítico, a malícia exacerbada; e se identifique, no esforço contínuo da sintonia (sempre difícil na Terra), com a disposição a trabalhar e aprender, ininterruptamente; com o sentido de responsabilidade; com a ação proativa permanente; com o otimismo realista de quem vê o mal, mas se empenha na prática do bem; com a lucidez dos que entreveem os erros, para programar e realizar maiores acertos; com o discernimento de quantos divisam o maior, nas circunstâncias da existência, a fim de, enxergando além dele, focar sempre o melhor ângulo de cada evento ou situação: o construtivo, o terapêutico, o educativo, o transformacional, o felicitador.

A escolha será sempre sua, e ninguém, nem mesmo o Criador (porque a inviolabilidade do livre-arbítrio foi uma prerrogativa definida por Ele Próprio, e concedida, universalmente, às Suas criaturas), invadirá seu espaço íntimo, se desejar se sentir um “coitado”, ou interpretar os acontecimentos menos felizes da vida como “tragédias sem sentido”; e seus irmãos em humanidade, como “crápulas dissimulados”, porque, em última análise, por uma questão de diapasão vibratório, você se deparará, por toda parte, com fortes evidências de estar com a razão, tanto quanto nós, que fizemos a opção pelo bem e pela felicidade, percebemos acachapantes comprovações de estarmos na rota certa. Segundo disse Jesus, “a cada um, conforme suas obras”, aludindo o Cristo, nesta máxima, até mesmo à vida mental, já que as matrizes conceituais e psicológicas, em última instância, constituem as geratrizes fundamentais de destino, na vida de cada criatura senciente e de comunidades inteiras.


(Texto recebido em 17 de abril de 2009. Revisão de Delano Mothé.)