Benjamin Teixeira pelo espírito Eugênia.

Eu sei que você andou triste. Ainda está, em verdade. Seu castelo de ilusões esboroou. Um toque de desterro, uma expulsão do paraíso, de seus sonhos longamente acalentados e edificados, no plano do ideal. E depois de todas as fantasias esbarrondadas, ainda teve que continuar com aparência incólume, ante o populacho inconsciente de seus dramas íntimos.

Pouco importa. Ignore a flama candente daqueles que não o compreendem. Mantenha o fio de prumo do equilíbrio, distanciando-se de toda postura radical, acomodatícia ou escapista – as reações mais típicas a situações similares. Se não o compreendem, oportunidade singular de desenvolver a auto-suficiência ante o julgamento alheio. O que os outros pensam não tem muita importância perante o que você sente sobre si, o que sua consciência lhe grita ou lhe sussurra serena sobre seu aproveitamento existencial.

É… já soube também. Não lhe está sendo possível preservar aquele padrão de qualidade, que julga seu dever. Mas por que não se contenta em manter um menor, que seja sustentável?

Não vou conivir com atitudes autovitimizantes. Você não é vítima de ninguém, nem de coisa alguma. Reaja. Arregimente recursos para a luta ferrenha e não se intimide com os retrocessos aparentes: são, de fato, processos de mais profundo autoconhecimento – dos próprios limites, do que é possível realmente assumir, de até onde vai seu poder pessoal e com o que e de que modo pode se comprometer.

Agradeça, assim, a oportunidade de seu momento de queda: ele lhe trouxe valiosas lições, que lhe cabe assimilar, processar e aplicar imediatamente.

(Texto recebido em 28 de janeiro de 2001.)