Benjamin Teixeira
pelo espírito
Temístocles.


Você se diz injustiçado por pessoa ingrata, que mereceu sua confiança e muito recebeu de você, no correr de anos.
Vejamos alguns dados:

Você confia muito nas pessoas (embora com naturais cautelas), cercando-se, por isso, de muita gente decente e nobre, amiga e leal, por uma mera questão de afinidade, de sintonia, de atração – lei de causa-e-efeito a funcionar matematicamente. Apenas, vez que outra, surge alguém indigno desta confiança, que lhe passa desapercebidamente, pelo seu ponto cego de percepções e avaliações, constituindo-lhe isto teste à sua fé no ser humano, de que sempre, no entanto, costuma sair-se bem, e cada vez melhor.
Já ela não confia em ninguém, denotando, com isso, ser alguém não confiável, a ponto de atacar pessoas como você, que agiu com total lisura com ela, a todo tempo, enquanto atrai ainda mais pessoas na sua faixa de sintonia, que lhe estimulam o desatino.

Você agiu de forma inteiramente escancarada, sendo tão transparente que muitos diriam estar tendo atitude infantil, tão ingênuo foi em sua integral confiança.
Ela, por outro lado, traiu-o pelas costas, dissimulando intenções e agindo à socapa, para lograr atingir o intento de bloquear sua felicidade.

Você seguiu sua consciência e a voz de seus guias, que através dela falavam, seguiu seu coração e foi honesto e leal a todo tempo.
Ela agiu conforme interesse pessoal, desespero e paixão, esquecendo sentimentos de compromisso, lealdade ou respeito ao próximo, ideal, fé e espiritualidade. Por sinal, sem uma partícula sequer de amor no coração.

Você pára sua vida para beneficiar os outros, tendo poder e dinheiro às ordens, quando quisesse.
Ela pára a própria vida para tentar submeter, ano sobre ano, ao talante de sua vontade, aquele que caprichosamente decidiu ser dela, não importando o quanto isto prejudicasse ou comprometesse muita gente.

Você ainda pediu desculpas quando ela deveria ter pedido.
Ela acha inadmissível até perceber o próprio erro, apesar de tão óbvio.

Você, como sempre, cala seus soluços, para sorrir e alegrar os outros.
Ela cala gargalhadas sinistras de desconfiança, malícia e perfídia, para chorar em público, tentando colocar pessoas contra você.

Você, com tudo isto, entrou numa fase mais ampla de maturidade, entendimento das coisas, fortaleza íntima, amizades renovadas e fortalecidas, felicidade e paz.
Ela segue à beira da loucura, mais do que nunca sem confiar em ninguém e temendo ser traída a toda hora, como ela mesma fez com você.

Você segue num novo nível de felicidade.
Ela conquistou carma imensurável.

Por fim, você foi abençoado com o afastamento de alguém com estas características delicadas de seu círculo pessoal.
E ela perdeu um amigo verdadeiro, que propiciava um universo paralelo de ideal, fé e esperança.

Neste momento – posso dizer-lhe – minha intenção de consolá-lo segue estrito princípio de fraternidade cristã e de dever moral, por tanto fazer por tantos; mas, honestamente, na minha opinião, ela segue muito pior que você, e deploro-lhe a sorte, por sequer poder ouvir as palavras duras que merece e precisa escutar de seus guias espirituais.

Enquanto isto, você, aquele que parece ter perdido, é aquele que segue ganhando mais uma vez, cada vez mais em paz, sábio e firme no seu propósito de servir e amar, a despeito de tudo. E, ao passo que ela prefere renunciar à razão e ao bom senso para não reconhecer o próprio e grave deslize em que incorreu, tamanho o seu orgulho, e vê-lo como vilão, quando você ainda tenta beneficiá-la à distância, segue você em nível mais alto de excelência moral e segurança psicológica, para as metas magníficas de mais realização e bem-aventurança que lhe apontam no destino, pela persistência no seu posto de serviço.

Destarte, continue como vai: sem dar importância ao que não merece, e não toquemos mais neste assunto, porque Deus e as forças que O representam sabem pôr tudo no devido lugar, em tempo certo.

(Texto recebido em 16 de junho de 2005.)