Novamente, flagrou-se em erro que considera indesculpável. Consome-se terrivelmente por dentro, a culpa carcomendo cada miligrama de sua alma.

De fato, não se pode ser displicente em matéria do essencial. Deve-se ser rigoroso, justo, honesto em todos os sentidos. A integridade moral não está, realmente, em se cumprir tão-somente as exigências da lei e dos costumes – está em se ser correto e ético em todos os níveis que a consciência puder alcançar.

A despeito da veracidade inconteste dessas assertivas, entretanto, nem sempre é possível estar em paz com os próprios valores. O ser humano é um ser em contínuo e interminável processo de construção, de auto-construção, de autopoiese (autocriação). Perdoe-se, assim, amigo, se não encontra o padrão ideal de ética , justiça e espiritualidade que almeja como ideal. Amiúde, a frustração acompanha os discípulos da verdade e da fé, até que conquistas comezinhas no campo do espírito sejam efetuadas. Não é fácil, definitivamente, ser inteiro, não é fácil, muito menos, ser transcendente. Ser humano é, em grande parte, aprender a conviver com a contradição, a deficiência e a falência, e, apesar disso, prosseguir nutrindo esperanças e refazendo esforços, incansavelmente, no sentido de atingir um desiderato maior.

Olhe com simpatia para sua imagem refletida no espelho. Cesse, em definitivo, as objurgatórias inaudíveis que emite contra si, cada vez que se vê. É hora de aceitar sua humanidade e, ainda assim (ou somente assim será possível), seguir em busca das conquistas da angelitude. Um pouco a cada dia, mas sempre. Sem presunções, mas com muita ousadia e (por que não?) também com uma boa dose de utopia…

Eugênia.

(Texto recebido pelo médium Benjamin Teixeira, em 10 de maio de 2001.)