“(…) Recebendo as nossas advertências em matéria de temperança, acredita ouvir remotas lições de aspecto dogmático, exclusivo, no exame da fé religiosa. A pretexto de aceitar o império da razão pura, na esfera da lógica, admite que o sexo nada tem a ver com espiritualidade, como se esta não fosse a existência em si. Esquece-se de que tudo é espírito, manifestação divina e energia eterna. (…)”

Francisco Cândido Xavier,
pelo espírito André Luiz
(no capítulo 3 de “Missionários da Luz”).

Meus queridos condiscípulos da seara espírita:

Vimos, novamente, discorrer a respeito da temática sexual, ventilada nos estudos de nosso companheiro André Luiz, como fizemos na semana transata (*2).

O sexo é faculdade sublime do espírito, para edificação de preciosas realizações no campo da criação de novas idéias e iniciativas, bem como de integração entre indivíduos. Mais uma vez, entrementes, cabe-nos lembrar, dentro de seus domínios, que devemos consagrá-lo ao espírito de gradação. Não se podem esperar manifestações afetivas de santidade de uma alma ainda imersa nas expressões grosseiras da animalidade. Entidades há que, excelsas em suas expansões do amor, vivem em conúbio íntimo com os anjos, qual se já residissem na morada das almas eleitas (auto-elegidas) do paraíso. Outras, em parâmetros menos sublimes do espírito, mas ainda assim nobilíssimas, jornadeiam entre a criação literária, científica e mesmo empresarial, produzindo civilização, conteúdos culturais para as comunidades de que são partícipes, em vez de gerarem corpos de carne. Se, entretanto, alguém se sente e de fato está ainda atreito ao compromisso cármico de contribuir para a reprodução da espécie, no sagrado sacerdócio de geração de corpos físicos e de educação de caracteres, de modo algum deve se julgar diminuído nas responsabilidades que lhe concernem ante Deus, como muito bem podemos, para respaldar o acerto de nossa assertiva com um exemplo, reportar-nos a Joana de Cusa, que recebeu, do próprio Mestre, a recomendação de permanecer junto ao marido, ao reverso de segui-l’O, em Seu ministério sacrossanto. A hora de servir mais largamente à causa do Cristo chegar-lhe-ia mais tarde, como de fato se lhe deu, na condição das monjas mexicana e brasileira (*3) que se fizeram célebres por suas impressionantes colaborações à cultura e às obras de caridade cristã.

Assim, prezados amigos, maximizemos o aproveitamento dos recursos e talentos que estejam à nossa disposição, como conquista evolutiva que nos seja atinente, mas que não nos esqueçamos da lição fundamental da humildade e, assim, não assumamos compromissos nem almejemos tarefas que sejam incompatíveis com nossas condições psíquicas e espirituais no presente momento de nossos históricos evolutivos.

Entre vocês, o Irmão em Cristo

Gustavo Henrique.

(*1) Mensagem recebida pelo médium Benjamin Teixeira, na reunião mediúnica fechada de 27 de junho de 2006. Revisão de Delano Mothé.

(Seguem-se notas do Médium:)

(*2) O espírito Temístocles, companheiro de trabalho de Gustavo Henrique na direção da reunião mediúnica de que participo na condição de médium e de dirigente no plano dos encarnados, escreveu, na semana passada, um artigo igualmente tratando da temática, à guisa de comentários ao capítulo 2 do livro clássico da literatura espírita: “Missionários da Luz” (Fazemos meia hora de estudo e leitura de obras clássicas antes do início da parte prática, de uma hora de duração). Neste texto, por sua vez, o adorável e paternal Gustavo Henrique, provocado pela leitura do capítulo 3 da mesma obra mediúnica de Chico Xavier/André Luiz, discorre sobre o assunto, movido pela necessidade de relativizar, para a cultura e costumes da atualidade, o texto originalmente escrito para um público leitor da década de 40 do século passado (o compêndio foi trazido a lume no ano de 1945).

(*3) Sóror Joana Inês de la Cruz e Sóror Joana Angélica, respectivamente, reencarnações da conhecida, a “posteri”, como Joana de Ângelis, guia espiritual do médium Divaldo Pereira Franco.