Benjamin Teixeira
pelo espírito
Eugênia.

Sua mente jaz esgotada. Já não sabe mais você o que fazer.

Sugeriram-lhe liberação integral de impulsos. Outros tantos propuseram-lhe, ao reverso, contenção completa de desejos. E, em meio ao entrechoque de idéias e pressões, simplesmente cai você inerte, desnorteado, abatido.

Entidades obsessoras perturbam-lhe as iniciativas de realização do bem. Você diz: “Vou começar”. Elas então respondem, por ressonância com elementos menos nobres de sua alma, no íntimo de sua mente: “E não vai conseguir!”

Tenta de fato iniciar, consegue, e elas gritam, na surdina de suas expressões inconscientes: ”Não vai resistir às tentações”.

Persiste e começa a nova iniciativa e eis que surge a circunstância em que abre falência de si mesmo e desiste do projeto, cedendo às seduções do comodismo, do interesse pessoal, do medo.

Mesmo que não acredite, companheiro, você é cercado de agentes invisíveis que lutam por desestabilizar sua casa mental, por todos os flancos que deixa em aberto, psicológica, emocional, moralmente falando. Isso pode lhe soar estapafúrdio, mas existe um paralelo desta realidade, no mundo material, que dá uma noção aproximada e metafórica do que falamos: os micróbios que pululam em toda parte, e por dentro dos próprios organismos vivos, esperando o menor ensejo para atacar, possuir e destruir os mais saudáveis corpos.

Sendo assim, fique alerta para idéias de desistência, desânimo, mudança repentina e injustificada de metas, valores, prioridades.

Procure manter o hábito da oração, não só em horário certo, todos os dias, mas, sobremaneira, nessas situações-críticas em que se vir assediado pelas forças do mal, ainda que julgue, nessas ocasiões – o que será bem compreensível e mesmo esperável – que sua concentração, sua fé e suas disposições íntimas não estejam das melhores.

Pratique o bem e faça da meditação, da leitura nobre, do desejo de crescer e do serviço voluntário, fraterno, a sua trilha constante de trabalho, e encontrará sempre uma saída para os mais afligentes cercos do mal.

O saber é o caminho da libertação. Busque no aprendizado contínuo a sua fonte de alimentação espiritual. Leia sobre o assunto. Compreenda os meandros complexos da mente humana. Quanto mais conhecedor do assunto, e conhecedor de si mesmo, menos acessível se fará aos assaltos das trevas.

Por fim, tenha paciência com suas deficiências. Por mais que se policie, na vigilância espiritual de suas falhas e tendências negativas, ainda assim, aqui ou ali, percebendo você isso ou não, resvalará em equívocos de comportamento, de pensamento ou de sentimento. Cabe, assim, desenvolver você humildade, com o devido senso de proporções e responsabilidade para continuar tentando a melhoria e a realização do bem, em níveis mais altos de manifestação, ainda que sofra eventuais deslizes.

(Texto recebido em 2 de dezembro de 2002.)